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Busato: resultado das eleições cobra de Lula mudanças sociais

quinta-feira, 4 de novembro de 2004 às 12h54

Belo Horizonte, 04/11/2004 - O governo precisa analisar o resultado das eleições municipais como um sério recado do povo cobrando as mudanças sociais prometidas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a campanha presidencial e não cumpridas até hoje. A observação foi feita pelo presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato, durante entrevista coletiva na capital mineira. Ele avaliou que as derrotas do PT em grandes centros que controlava, principalmente São Paulo e Porto Alegre, “mostraram o inconformismo popular com a falta de solução para os graves problemas sociais”.

O presidente da OAB afirmou ainda aos jornalistas que espera que o governo faça uma análise dos anseios expressos pela população nestas eleições e entenda o recado de que as mudanças são urgentes e necessárias. “O governo do Lula foi eleito para implantar profundas mudanças sociais neste País, e ele não conseguiu ainda essas mudanças; acredito que se ele não fizer isso, vai ter séria dificuldade nas eleições de 2006”, disse. Acrescentou que se isso não ocorrer se aprofundará o estado de desânimo que já está tomando conta da população.

A seguir, a íntegra da entrevista coletiva de Busato:

P - Como o sr. viu o resultado das eleições municipais no País, principalmente esse segundo turno?
R - As eleições municipais demonstraram, claramente, dois fatos importantes. O primeiro deles é que o brasileiro não pretende um partido hegemônico. O segundo ponto foi que o povo brasileiro deu um recado contra o caciquismo político, os militantes dos partidos foram muito mais eficientes e fortes nessas eleições, o que é bom.

P - Foi um voto de protesto contra o governo federal, o recado das urnas nessas eleições?
R - O brasileiro está mostrando um certo inconformismo popular com a falta de solução para seus graves problemas sociais. Não se admite mais meios governos, governos que são apenas honestos mas que não acabam com os grandes problemas nas metrópoles brasileiras. Isso aí ficou muito claro nestas eleições. Não se dá mais mandatos pela beleza da pessoa, nem pela beleza de sua roupa ou a beleza de seu discurso, ou porque meramente o candidato é honesto. Nós precisamos urgentemente é de administradores hábeis, competentes, que diminuam a exclusão social que cada vez mais grassa nas grandes cidades brasileiras.

P - Mas a honestidade não é importante na política?
R - Sem dúvida. Mas eu me refiro ao fato de que alguns desses derrotados enalteciam a todo tempo sua condição de honestidade. Mas não é só a honestidade que resolve. É importante que o político seja realmente honesto, a honestidade deve ser inerente ao mandato popular. Mas só isso não basta, isso devia ser obrigação. É preciso que haja competência e haja soluções neste País.

P - O sr. acha que o resultado das urnas dificulta os planos do governo Lula para 2006?
R - O governo terá tempo de tentar absorver e reverter essa situação adversa que veio das urnas. O PT perdeu dois grandes núcleos urbanos, que eram quase que uma grife do partido, quais sejam São Paulo, a maior cidade da América e uma das maiores do mundo, e Porto Alegre, que foi a primeira grande capital que o PT dominou e fez grife. Essas derrotas abalaram bastante as estruturas do partido, mas ele poderá se recuperar nesses dois últimos anos de governo Lula, que será provavelmente candidato à reeleição. Mas, para se recuperar, vai ter que seguir a vida das mudanças que anunciava na campanha presidencial.

P - É possível então esperar mudanças no governo, a partir da leitura das eleições?
R - Acho que o governo recebeu uma clara indagação do povo nesse sentido: o governo do Lula foi eleito para implantar profundas mudanças neste País, e ele não conseguiu ainda essas mudanças sociais. Acredito que se ele não fizer isso, vai ter séria dificuldade nas eleições de 2006.

P - No que se refere à equipe ministerial de Lula, quem o sr. acha que ele deve trocar? Especula-se inclusive sobre a troca do ministro Patrus Ananias.
R - Não vou fulanizar quem ele deve ou não trocar, até porque é uma atribuição exclusiva do presidente. Ele deve fazer uma análise do que deve ser mudado. O ministro Patrus assumiu há pouco e talvez não tenha ainda tido tempo de mostrar sua competência, seu tirocínio para resolver os problemas na sua área. O governo como um todo tem que interagir no sentido de acabar com os problemas sociais. Não precisamos apenas trabalhar no Ministério do ministro Patrus, mas sim atacar os problemas por inteiro. No Ministério da Educação, por exemplo, precisamos melhorar a educação brasileira, principalmente no que se refere ao ensino fundamental. Temos problemas na Justiça brasileira e o Ministério da Justiça tem que resolver alguns problemas graves deste País. O Ministério da Fazenda tem que se voltar mais para os investimentos sociais e não continuar apenas na política para pagar a dívida externa brasileira, o que é feito é com muita lágrima desse povo excluído que o Brasil tem hoje. Enfim, o governo como um todo tem que responder a este anseio que o País está clamando, e quase já partindo para uma situação de profundo desânimo com o que está ocorrendo.

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