Levantamento com 71 mil jovens advogados norteará futuras ações da OAB Nacional
Mais de 71 mil advogadas e advogados com até cinco anos de inscrição participaram do Fala Jovem Advocacia, censo nacional promovido pela OAB Nacional entre setembro e novembro deste ano. A iniciativa, coordenada pela Ouvidoria da Jovem Advocacia, teve como objetivo ouvir de forma qualificada as percepções desse público e transformar suas contribuições em ações concretas de valorização profissional e fortalecimento institucional.
Para o ouvidor-geral do Conselho Federal da OAB, Marcos Vinícius Jardim Rodrigues, o levantamento cumpre um papel estratégico no fortalecimento institucional. “O que esse levantamento nos oferece vai além do diagnóstico: é uma sinalização clara sobre o que a jovem advocacia espera da OAB. Transformar essas expectativas em diretrizes concretas é uma responsabilidade institucional que impacta diretamente o futuro da profissão. Ao reunir dados em escala nacional, conseguimos enxergar com mais nitidez onde precisamos avançar, com quais prioridades e de que forma podemos construir respostas duradouras para quem está no início da carreira”, afirmou.
Marcos Vinícius Jardim Rodrigues ainda destacou o papel fundamental dos ouvidores da Jovem Advocacia nas seccionais. "Eles trabalharam para que a OAB tivesse um diagnóstico fiel da realidade dessa importante parcela da advocacia brasileira", elogiou.
De acordo com a ouvidora nacional da Jovem Advocacia, Vitória Jeovana Uchôa, esse diagnóstico foi essencial por ter coletado dados de profissionais de todas as subseções do país, e não apenas das capitais. “Essa escuta ativa é o caminho para transformar realidades. Nosso objetivo é fazer da OAB um espaço cada vez mais acolhedor, inclusivo e eficiente para os colegas que iniciam na profissão. Os dados colhidos no censo serão decisivos para nortear novas políticas, com base na realidade vivida por quem está na linha de frente da advocacia”, disse.
Entre os principais desafios identificados estão a falta de clientes no início da carreira (apontada por 41%) e o aviltamento de honorários, considerado a violação de prerrogativas mais comum por 51,5% dos respondentes. Os jovens profissionais também relataram dificuldades para precificar honorários, instabilidade financeira e altos custos para manter estruturas de trabalho, além da necessidade de maior oferta de cursos práticos, acessíveis e alinhados à realidade da advocacia.
Retrato da jovem advocacia
Os dados revelam um perfil alinhado à nova composição da advocacia brasileira: quase 60% dos respondentes são mulheres, refletindo o crescimento da presença feminina na profissão. A maioria dos participantes tem entre 26 e 35 anos, e 39% possuem até um ano de inscrição na OAB.
Além dos desafios estruturais, os jovens profissionais também apontaram entraves à inclusão e à igualdade de oportunidades, como a ausência de ações voltadas à equidade racial e de gênero, além de barreiras de acessibilidade em espaços institucionais e no sistema de Justiça.
Mais da metade dos respondentes indicou já ter enfrentado situações de violação de prerrogativas, com destaque para tratamento desrespeitoso em audiências, aviltamento de honorários e restrições à atuação profissional.
Escuta que gera impacto
O relatório consolidado do censo será apresentado ao Colégio de Ouvidores e ao Plenário do Conselho Federal, integrando os instrumentos que orientarão novas iniciativas de apoio à jovem advocacia no ciclo 2025–2028.
As medidas previstas incluem a interiorização da estrutura da OAB, ampliação do acesso a coworkings e ferramentas digitais, apoio à formação prática por meio das Escolas Superiores da Advocacia e incentivo à participação institucional de jovens advogadas e advogados em comissões e projetos temáticos.
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