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Roda de conversa com Conceição Evaristo aborda feminismo negro, literatura e inclusão

sexta-feira, 23 de julho de 2021 às 12h54

A OAB Nacional, por meio da Comissão Nacional da Mulher Advogada (CNMA) e em parceria com a Associação Brasileira de Mulheres de Carreiras Jurídicas (ABMCJ), promoveu, nesta sexta-feira (23), a roda de conversa com a escritora Conceição Evaristo. O bate-papo abordou temas como feminismo, feminismo negro, literatura, espaços de poder, segregação e inclusão. O encontro celebrou o Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha, comemorado no próximo dia 25.

Conceição iniciou traçando o paralelo de que o direito e a literatura talvez sejam as áreas mais importantes que forjaram o pensamento nacional. “A voz dessas duas categorias sempre esteve presente no sentido de proximidade ao poder da nação, desde o Brasil Colônia”, apontou. 

Perguntada sobre o movimento das mulheres negras, respondeu que é uma corrente que fortalece o feminismo. “Este, por sua vez, pode ter aberto o diálogo com as mulheres negras. Dentro do movimento negro, é certo que muitas vezes a voz feminina não foi ouvida, mas esse é um quadro em mudança. Enquanto o feminismo branco tinha que lutar contra os homens brancos, a luta inicial do feminismo negro era contra o patriarcado, que as mulheres brancas não tinham barreiras para exercer”, lembrou.

Para ela, o homem negro é tão machista quanto o homem branco. “Porém, as posições em que se exerce tais machismos são diferentes. Numa sociedade pautada por valores brancos, eles [homens negros] são também sujeitos subjugados. A luta feminista negra, sob essa ótica, não pode se desvencilhar da própria luta do homem negro”, ponderou.

Sobre ser uma escritora que congrega as temáticas da mulher e dos negros, Conceição Evaristo afirmou que “uma mulher negra que ousa escrever já é audaciosa”. “Ela está, de certa forma, valendo-se de um direito que historicamente nunca foi seu. Partindo dessa insubmissão, escrever a história negra é um gesto que se confunde com a própria procura do direito à vida. Escrever e publicar é um ato político e as gerações de hoje já nascem com mais oportunidade de empoderamento neste sentido”, concluiu.  

Compuseram a mesa do evento a presidente da CNMA, Daniela Borges; a vice-presidente da CNMA, Alice Bianchini; a secretária-geral da CNMA, Cláudia Sabino; as presidentes das comissões da Mulher Advogada da OAB-PR, Mariana Lopes, e da OAB-SP, Cláudia Luna; a presidente da ABCMJ, Manoela Gonçalves; e o advogado e conselheiro seccional da OAB-BA, Luís Vinicius Aragão.


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