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Conferência discute mercado de trabalho e enfrentamento da violência contra a mulher

sexta-feira, 6 de março de 2020 às 10h50

Na manhã do segundo dia da III Conferência Nacional da Mulher Advogada, nesta sexta-feira (6), foram debatidos temas como violência e crimes contra a mulher, mercado de trabalho e igualdade de gênero e desenvolvimento econômico. O encontro acontece no Centro de Eventos da Ceará, em Fortaleza. Paralelamente foram realizadas mesas redondas sobre violência de gênero e jovem mulher advogada, workshop sobre mulheres no sistema prisional e apresentação de projetos da Comissões de Mulheres Advogadas das seccionais.

Painel 7 - No debate sobre o enfrentamento da violência contra a mulher, a presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-CE, Christiane Leitão, apresentou dados e informações acerca dos índices de mortes violentas de mulheres no Ceará. Para ela, os números mostram que a violência contra as mulheres é mais um tipo de segregação social.

“Os dados mostram que a violência contra elas começa na mais tenra idade, com meninas sendo abusadas, cooptadas pelo tráfico e sendo mortas por serem uma peça descartável, em um sistema que mata as mulheres. Isso é problema gerado pela não proteção estatal. A morte começa nesse abandono dos mais vulneráveis pelo estado. Nós, como rede de proteção, temos um papel fundamental, que é o de difundir informações, explicar o que é e o que gera a violência. Ensinar e educar é uma forma de proteção, porque muitas não se entendem como vítimas desse sistema”, afirmou Christiane Leitão.

Painel 8 - No painel a respeito das mulheres no mercado de trabalho, a presidente da Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas (ABRAT), Alessandra Camarano, criticou o preconceito pela simples circunstância de ser mulher. “Nós não temos licença maternidade e nem condições de estarmos usufruindo desse momento tão necessário ao entrelaçamento e conexão com nossos filhos. Mas isso não é uma característica só da advocacia. Muitas mulheres são demitidas quando retornam ao trabalho após a maternidade”, pontuou.

Camarano destacou, ainda, a importância de se dispor de um sistema que “não permita a exclusão pelo simples fato de sermos mulheres. Esse é um tema caro para a advocacia e importante para a sociedade. Não podemos naturalizar esse tipo de situação. Precisamos os movimentar e contar com homens com verdadeiramente se preocupam e têm comprometimento com a justiça social”.

Primeira presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada, Fernanda Marinela, falou sobre os desafios da mulher no mercado de trabalho globalizado que criou empresas mais complexas e diversificadas. “Isso para as mulheres tem se revelado um grande desafio, o que chamamos de teto de vidro, um obstáculo que elas encontram para ascender aos cargos nas empresas. Ele permite que a mulher veja longe e não alcance, o que gera frustração ou mudança de profissão”.

Marinela também destacou a importância da sororidade. “Precisamos construir relações entre as mulheres para que possamos criar vínculos de companheirismo. A mulher que cresce e ocupa espaços precisa ter a consciência do papel dela de trazer outras. A ascensão traz para essa mulher a responsabilidade de puxar outras”, afirmou.

Painel 9 - Ainda no debate sobre o enfretamento da violência contra a mulher, um dos painéis tratou sobre uso da tecnologia nesses casos com exemplos de aplicativos e iniciativas tecnológicas que podem favorecer ações em defesa das mulheres. A vice-presidente da OAB-DF, Cristiane Damasceno, falou sobre crimes cibernéticos praticados contra mulheres. Ela explicou sobre as leis que estabelecem punição para ações que violam ou que expõem a intimidade das mulheres no ambiente virtual.

Para Cristiane Damasceno, apesar do avanço na legislação, ainda é preciso garantir uma punição aos responsáveis por esses crimes. “Os crimes são registrados, mas acabam não sendo apurados. Não há um preparo adequado nas delegacias e até mesmo nas varas especializadas de violência doméstica para atender à demanda dos crimes cibernéticos. Não quero dizer que não houve avanços, mas a nossa conclusão é que precisamos de mais em defesa das mulheres”, defendeu.

Painel 10 - Ana Carolina Querino, gerente de programas da ONU Mulheres, falou sobre a igualdade de gênero como acelerador do desenvolvimento sustentável e apresentou dados relativos à agenda da ONU para as mulheres com base nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Querino citou a questão da participação de apenas 50% das mulheres no mercado formal de trabalho para exemplificar a questão da falta de igualdade. “Percebemos que não há igualdade e que estamos perdendo talentos por deixar quase metade de fora. Para avançar é preciso começar a enxergar essas diferenças e colocar luz em dados, estudos e compromisso intersetorial com toda a sociedade sobre como podemos trabalhar juntos, analisando e revendo as próprias ações para poder dar centralidade para quem está mais atrás”, disse.

 

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