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Artigo no G1: Cassação de Cunha é boa para a eleição deste ano

terça-feira, 20 de setembro de 2016 às 10h34

Brasília – Confira o artigo de autoria do presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, publicado nesta terça-feira (20), no blog do colunista Matheus Leitão, no portal G1. Confira:

Cassação de Cunha é boa para a eleição deste ano

Por Claudio Lamachia, advogado e presidente nacional da OAB

Eduardo Cunha é exemplo de mau político que, mesmo tendo amplo histórico ligado a suspeitas de corrupção, conseguiu se reeleger quatro vezes deputado federal. O voto popular delegou a Cunha o poder de decidir como usar dinheiro público e quais projetos priorizar. Também deu a ele a chance de influenciar outros políticos e formar um grupo para blindá-lo, tornando-se uma espécie de chefão dentro da Câmara dos Deputados. Agora, cassado e inelegível, o poder e a influência de Eduardo Cunha diminuíram consideravelmente.

A Ordem dos Advogados do Brasil participou ativamente de todo o processo que resultou na deposição de Cunha. Por isso, a OAB pode afirmar que tirar o mandato dele não foi fácil. Foram necessários 11 meses e a coincidência da revelação de sucessivos novos fatos sobre seus maus feitos. Basta lembrar que poucos nomes de brasileiros foram envolvidos no escândalo Panamá Papers e, mesmo assim, Cunha estava entre eles.

A primeira decisão da nova gestão do Conselho Federal da OAB, em fevereiro, foi solicitar formalmente o afastamento de Cunha, que ocupava a função de presidente da Câmara. Como presidente da entidade, levei esse requerimento, pessoalmente, em 16 de fevereiro, à Câmara e ao Supremo Tribunal Federal – que aceitou afastar Cunha de suas funções.

Naquela ocasião, foi possível sentir a pressão feita pelos aliados do deputado, que montou uma complexa engrenagem capaz de atrapalhar o Conselho de Ética e o cotidiano de servidores de carreira, impedidos de cumprir suas funções em defesa da Casa Legislativa.

Todo o aparato de Cunha, no entanto, não conseguiu fazer frente à enorme quantidade de revelações sobre suas atuações de bastidores. Desse modo, a opinião pública não foi dissuadida da ideia de que ele deveria perder o mandato.

É preciso lembrar, no entanto, que existem muitos Eduardos Cunhas no Brasil. Nem sempre eles praticam maus feitos dignos de capa de jornal. Nem sempre a imprensa consegue desvendar suas ações nas sombras a tempo de leva-los a julgamento.

Por isso, é preciso exercer com muita responsabilidade o dever de votar com consciência. Voto não tem preço, tem consequência. A eleição municipal deste ano é oportunidade para tirar das prefeituras e das Câmaras de vereadores os políticos incompetentes e donos de uma ficha corrida suspeita. É preciso que cada cidadã e cada cidadão cumpram com seu dever para que os erros do passado não voltem a ser cometidos.

Fases ruins devem ser superadas, não esquecidas. Só a memória pode fazer com que os erros do passado não sejam repetidos. Que o caso de Eduardo Cunha sirva de referência para que, nesta e nas próximas eleições, todas as eleitoras e eleitores estudem a vida dos políticos antes de confiar a eles o voto.


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