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Artigo do presidente Claudio Lamachia: Tolerância

segunda-feira, 19 de setembro de 2016 às 08h47

Brasília - Confira o artigo de autoria do presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, publicado na edição desta segunda-feira (19), do jornal Zero Hora, de Porto Alegre-RS.

Tolerância

Por Claudio Lamachia, advogado e presidente nacional da OAB 

São inúmeros os problemas enfrentados pela sociedade brasileira em momento tão sensível, em especial nos campos político e econômico, causados pelo declínio dos padrões éticos e morais de agentes públicos, que não têm honrado os votos que os elegeram. Em meio a tantas dificuldades, nota-se com cada vez mais frequência o tensionamento das relações entre a sociedade, dividindo um país que precisa neste momento de pacificação e, sobretudo, união. 

São comportamentos cada dia menos tolerantes, carentes sobretudo de equilíbrio e temperança. Não podemos – coletiva ou individualmente – submergir às profundezas da arrogância, do preconceito e dos prejulgamentos. O que se vê com cada vez mais frequência é o avanço do comportamento agressivo, que traz consigo muita indignação com os rumos do país, seja com a sequência de escândalos de corrupção ou com a sensação de impunidade para os envolvidos. No entanto, ainda que a indignação e o clamor por punição sejam sentimentos justos, não podemos permitir que eles sejam contaminados pelo justiçamento e preconceito. 

Assim como Georges Burdeau afirmava que “os males da democracia só se curam com mais democracia”, é preciso que se perceba o quanto antes que, para termos justiça e paz, precisamos colocar ambos em prática, respeitando os seus princípios. Um dos pressupostos fundamentais do regime democrático é justamente a divergência de opiniões e a convivência saudável entre os que defendem pontos de vista opostos. 

Tolerância não é concordar com a opinião oposta, mas respeita-la. Esse equilíbrio evitaria a imensa maioria de atos de verdadeiro linchamento que estamos presenciando, por exemplo, na internet, onde as pessoas parecem ter perdido completamente os limites, distribuindo muitas vezes opiniões que extrapolam os níveis aceitáveis da convivência. 

São grosserias e muitas vezes mentiras compartilhadas aos milhares, manchando reputações, por pessoas que, movidas pela ignorância e covardia, estão transformando uma ferramenta extraordinária em um ambiente cada vez mais fértil para quem vê na desordem uma forma de diversão. 

Cada um de nós precisa urgentemente praticar com ainda mais empenho a força da serenidade e da temperança, para que o ódio insano não nos transforme definitivamente em uma sociedade sem esperança e com um futuro nebuloso como destino. O Brasil precisa de menos confronto e mais encontro.


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