OAB está cumprindo hoje um papel histórico”, diz coordenador da Frente em Defesa do SUS
Brasília – O deputado federal Odorico Monteiro (PROS-CE),
coordenador da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Sistema Único de Saúde
(SUS), elogiou a iniciativa da OAB, que nesta terça-feira (2) promoveu a
audiência pública “Saúde na UTI”. O ato reuniu dezenas de presidentes de
entidades, secretários estaduais e municipais, ministros de Estado e demais
representantes do governo federal, dos Estados e dos municípios. Durante o
evento, ele defendeu a criação de um
sistema de relação interfederativa entre os entes federados para que eles
partilhem responsabilidades quanto à saúde dos seus habitantes.
“Quero parabenizar o presidente nacional da OAB, Claudio
Lamachia. Acho que é fundamental, a OAB cumpre hoje um papel estratégico na
defesa da saúde, na defesa do SUS, na defesa do financiamento da Saúde e, acima
de tudo, nesse esforço em tirar a saúde do Brasil da UTI. Isso é uma
mobilização de toda a sociedade”, disse Monteiro. “A OAB está cumprindo hoje um papel histórico que ela sempre teve na
sociedade brasileira em vários momentos”, acrescentou o parlamentar.
Monteiro criticou os gestores da área econômica que, em momentos de crise, gerenciam a situação
mexendo em “direitos sociais sagrados”. “E o da saúde é um direito para o qual
precisamos ter uma vigilância permanente para defendê-lo”, afirmou ele, que fez
uma crítica à Proposta de Emenda à Constituição 241, editada pelo presidente
interino, Michel Temer, e que acaba com as vinculações orçamentárias e
determina que o financiamento da Saúde e da Educação não ultrapassem aos
limites estabelecidos no ano anterior, independentemente do aumento das
receitas correntes líquidas.
“Só para se ter uma
ideia, se fora aprovada a PEC 241 teremos ao longo de 20 anos a redução de mais
de R$ 600 bilhões no financiamento da saúde. Isso significa que a sociedade
brasileira, que é uma sociedade que está envelhecendo - vamos envelhecer em 15
anos o que a Europa levou 100 anos para envelhecer, já que a Europa levou 100
anos para sair de 7,5% para 15% da sua população com mais de 60 anos e vamos
fazer isso nos próximos 15 anos - demandará proteção do estado às pessoas que
estão envelhecendo”, disse ele.
Proposta
Monteiro é autor do
projeto de lei 1645 que propõe a criação de um sistema de relação
interfederativa entre os diferentes entes federativos para que eles partilhem
responsabilidades quanto à saúde dos seus habitantes. “Onde é que temos
problemas? A saúde precisa do acesso do paciente na sua mobilidade de um
município para o outro. E hoje não temos nenhum mecanismo que tenha relação
solidária entre um município e outro, trazendo um prejuízo muito grande na
continuidade do tratamento”, explicou ele.
“Muitas vezes, num
município pequeno - e temos 4 mil municípios no Brasil com menos de 20 mil
habitantes - a população tem muita dificuldade de ter acesso a municípios
médios e grandes. Nosso projeto procura criar o contato organizativo de ação
pública para que a gente possa estabelecer uma responsabilidade solidária entre
o Ministério da Saúde, os estados e os municípios”, declarou o deputado.
Segundo o
coordenador da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Sistema Único de
Saúde, o SUS é um sistema em que a
gestão é isolada. “Você tem uma pactuação tripartite, mas na base do sistema
você não tem uma relação solidária. Então estamos propondo a criação de um
contrato organizativo de ação pública que seja celebrado entre a União, os
estados e os municípios, definindo metas, definindo responsabilidade solidária,
e que a gente possa garantir à população a continuidade do tratamento e não um
município pequeno empurrando para um maior e muitas vezes trazendo prejuízos e
morte para a população”, declarou Monteiro.