Brasília, 31/08/2005 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato, afirmou hoje (31) que beira a irresponsabilidade a atitude do presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, que tem negado a existência de recursos de caixa dois no governo e defendido penas mais brandas para beneficiários desse tipo de recursos. “Tão indecente quanto a roubalheira perpetrada é a tentativa de minimizá-la. Tão grave quanto a sangria moral exposta é a tentativa de manipulá-la politicamente”, afirmou Busato, durante entrevista. “Não é possível admitir afirmações desta ordem por parte do presidente da Câmara”.

Para Busato, não se pode, a essa altura, tentar minimizar a crise política por que passa o país com este tipo de manobra. “Temos de diminuí-la com posturas éticas, morais e frontais, para resolver o problema em definitivo”, afirmou ele, acrescentando que o que está em jogo neste momento não é somente a sorte dos corruptos, mas a imagem das próprias instituições políticas.

Ao ser questionado quanto às declarações de alguns parlamentares nessa terça-feira, que ameaçaram levar Severino Cavalcanti à Comissão de Ética, o presidente da OAB ressaltou que a postura do presidente da Câmara deve ser mais adequada ao tamanho da seriedade do cargo. “É brincadeira o que está acontecendo. Não podemos admitir que uma crise desse tamanho seja transformada em um grande acordão”, afirmou Busato. “´É preciso debelar essa crise, que não tem nada de pequena e está tendo repercussão em todo o mundo”.

Busato acrescentou que toda essa crise política está custando muito à imagem do Brasil e disse que o Congresso Nacional não pode mais ficar parado, apenas trabalhando em cima de CPIs. “O Congresso tem de concluir as CPIs, tem de punir os culpados e se purgar, daí sim voltará a ter a confiança e a seriedade que espera a população brasileira deste grande instituto democrático”.