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Editorial: Lula está desorientado ou quer levar na conversa?

terça-feira, 26 de julho de 2005 às 07h40

Teresina, 26/07/2005 - O editorial "Lula está desorientado ou quer levar na conversa" foi publicado hoje (26) no site Acesse Piaui:

"O presidente está indo às ruas ao encontro do povo que o elegeu. A busca do apoio popular para rebater a crise e afastar a possibilidade de um processo político por crime de responsabilidade (saber de tudo sobre o mensalão e o caixa dois do PT e não reagir como presidente, tomando as devidas providências para preservação das instituições), no entanto, é vista como ato "desorientado" por aliados e tentativa de "levar na conversa" pela oposição.

Lula parece estar sozinho ou não confia em mais ninguém que divide com ele a tarefa de administrar o Brasil. Talvez procure nas ruas um reencontro consigo mesmo, principalmente pelo passado responsável por uma biografia invejável, justamente a que lhe conduziu ao poder máximo depois de três tentativas frustradas.

Amadurecido para o embate, o líder maior do Partido dos Trabalhadores aprendeu que os votos viriam quando a nação entendesse que ele estava preparado para o desafio, lúcido para governar sem romper contratos e pronto para se entender com as elites. Foi essa a tese política da ascensão do PT. Ela marcou os editoriais de todos os jornais da chamada grande imprensa antes e depois da vitória, até ir pelo meio o governo petista.

O Brasil não votaria no radical que em 1989 assustou empresários. O Brasil não votaria no radical que em 1994 e 1998 ainda assustava as elites. O Brasil se entregou a um projeto moderado, que manteria as conquistas do Plano Real e avançaria em conquistas sociais.

Deu certo? Lula, como gosta de afirmar, está convencido que sim. Mas apareceu uma pedra no meio do caminho. Há corrupção no governo (todos os governos são corruptos, até hoje ninguém provou o contrário) e uma administração irresponsável na executiva nacional do PT coloca em risco a biografia de Luiz Inácio Lula da Silva, o retirante que venceu na vida e tem orgulho de ser a pessoa mais ética do País.

A tentativa de mobilizar as massas, indo ao encontro dos trabalhadores na porta das fábricas e canteiros de obras, deixando de negociar com os políticos, é manobra arriscada. Nem os aliados estão satisfeitos. Para a oposição, qualquer coisa que Lula disser e fizer já o sacrifica.

O líder do PSDB no Senador, Arthur Virgílio (AM), assusta o presidente. Lembra-lhe que Collor de Mello, durante a CPI que o detonou do poder, também buscou apoio nas ruas. Quis que os taxistas não lhes deixassem sozinho. Apoio irrisório comparado ao que pode vir de categorias organizadas e com poder de mobilização e pressão.

Mas a comparação é válida, uma vez que se o caldo engrossar, a coragem para defender um presidente comprometido deve diminuir. O senador garante que não há ninguém conspirando contra Lula. Ele permanecerá na Presidência até o fim de 2006 se depender da oposição. Desde que o podre ainda por aparecer não manche o terno alinhado do presidente.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), por intermédio de seu presidente, Roberto Busato, faz uma oportuna indagação: quando Lula vai dar uma explicação razoável sobre todos os boatos de seu conhecimento a respeito da existência do mensalão? Verdade ou mentira? Se existia, o que fez?

Dá para fazer isso e ir às ruas começar sua campanha pela reeleição. Afinal, a população também está desorientada. O presidente deveria fazer uma bondade e contar logo o que sabe para todas as classes. É bem mais ético do que levar na conversa."

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