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Editorial: Reprovações e carências brasileiras

sábado, 28 de maio de 2005 às 07h28

Brasília, 28/05/2005 – O editorial Reprovações e carências brasileiras foi publicado na edição de hoje (28) do jornal Folha de Londrina, do Paraná:

“Há necessidade de reformas estruturais em todas as esferas

Não é apenas o curso de Direito que tem baixa qualidade, no Brasil, mas genericamente todos os demais de nível superior. O resultado é que a maioria dos graduados recém-saídos das Faculdades acaba esbarrando na muralha das reprovações, quando submetidos aos exames de seus Conselhos (no Direito é a OAB, a difundida sigla da Ordem dos Advogados do Brasil).

O Direito é mais enfaticamente citado aqui porque o noticiário recente mostrou número alarmante de reprovações pela OAB e em face de debate que este Jornal promoveu a respeito, reunindo advogados e professores da área. Se esses Conselhos e Ordens são rigorosos em seus exames, agem de acordo com a razão de sua existência, ou não seriam necessários, e são eles os termômetros que medem o grau de qualidade dos profissionais produzidos pelas escolas superiores.

Indiscutível que o baixo nível vem desde o ensino básico, que ao que parece e segundo estudantes denunciam só busca preparar o aluno para o vestibular, e este, de sua vez, não é um confiável medidor que garanta a qualidade do produto que envia para as faculdades.

Ressalvados os casos de algumas escolas de destacado padrão, que pontificam aqui e ali sazonalmente porque em dado momento também estas oscilam em qualidade no geral impera o baixo padrão de todo o processo educacional brasileiro. As causas são muitas, destacadamente a insuficiente infra-estrutura, os professores mal-pagos e, em grande número, não suficientemente preparados até porque egressos do mesmo sistema e também o pouco tempo dos alunos para os estudos em casa, pois no caso dos cursos superiores a maioria trabalha e sai do serviço diretamente para a escola. Há também os casos de estudantes que não desejam aprender mas apenas obter um diploma. Alunos fracos agora, serão professores fracos amanhã, então é preciso examinar todo o sistema, cuja nota é igualmente baixa.

O Brasil não é uma nação plenamente desenvolvida, embora as benesses deste país tropical tão cantadas em verso e prosa, então instituições e serviços nivelam-se na idêntica consonância. O padrão dos cursos de último grau, ressalvadas as poucas exceções, é apenas um dos enfoques, sendo necessário um olhar mais profundo sobre todo o contexto nacional. A realidade global pouco lisonjeira não é, no entanto, uma causa perdida e sim um alerta.

O que não pode ocorrer, no caso dos cursos superiores, é o afrouxamento do rigor das instituições reguladoras, porque elas sintetizam o juízo final, a sentenciar todo o processo, que tem origens mais remotas e aponta para a pouca qualidade do ensino básico, dependente de fortalecimento em sua estrutura, e para a profundidade de muitos outros problemas brasileiros, que se interconectam".

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