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Major acusado de liderar grupo de extermínio no Ceará

sexta-feira, 27 de maio de 2005 às 10h15

Fortaleza, 27/05/2005 - A denúncia de que um grupo de extermínio comandado por um oficial da Polícia Militar do Ceará estaria agindo a serviço de uma rede de farmácias cearense, veiculada nesta quinta-feira pelo Jornal Nacional, provocou mal-estar na Segurança Pública do Estado. O oficial em questão trata-se do major José Ernane de Castro Moura, comandante da 1ª Companhia do 5º BPM (Aldeota) e tido como um policial atuante, que gozava de ótimo conceito junto à tropa. Além da execução de supostos assaltantes, a prestação de serviços de segurança particular - por militares sob o seu comando, e a desocupação de terrenos pertencentes a imobiliárias invadidos por sem-teto, também seriam outras irregularidades nas quais o major Castro estaria envolvido. Segundo as investigações, cerca de 30 pessoas podem ter sido vítimas do grupo.

A investigação vinha sendo feita em sigilo absoluto por parte da Polícia Federal (PF), com o acompanhamento do Ministério Público Federal (MPF), desde o dia 29 de abril de 2002, quando o garçom Antônio Mendes de Araújo foi confundido com um assaltante e acabou sendo executado por um policial à paisana que estaria no local fazendo a segurança da farmácia . Somente em 2001, sete assaltantes teriam sido mortos em circunstâncias misteriosas, após terem ‘atacado’ filiais da rede de farmácias.

Com base na investigação realizada pelos agentes federais, o MPF solicitou a prisão preventiva do major Castro; além de um capitão, um subtenente e dois soldados, todos da PM; um empresário do setor de segurança privada, e dois funcionários da rede de farmácias. Entretanto, até hoje essas solicitações não foram atendidas pela Poder Judiciário cearense. O procedimento está sendo apreciado pelo Tribunal de Justiça do Estado.

Ainda segundo a reportagem do Jornal Nacional, a PF teria entrado no caso após provocação da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional do Ceará , uma vez que o acusado de um dos crimes - o do garçom - seria menor de idade, caracterizando desse modo um crime que poderia ser apurado pela Federal. Há informações de que a Polícia Civil também teria aberto um inquérito para investigar as mortes misteriosas ocorridas após assaltos praticados contra filiais da rede de farmácias. Apesar disso, as investigações não teriam prosperado.

Morte de garçom

A investigação sobre o grupo de extermínio que seria comandado pelo major Castro, começou após a morte do garçom Antônio Mendes de Araújo, 37 anos, durante uma troca de tiros entre assaltantes e um segurança da farmácia. A vítima havia acabado de pagar a sua conta de luz, situada na Avenida Sargento Hermínio, 3633, no bairro Presidente Kennedy. O fato ocorreu por volta das 14h30min do dia 29 de abril de 2002. Quando saía do local, em sua motocicleta, o garçom foi atingido por dois disparos e teve morte imediata. O segurança, assim como os supostos bandidos, fugiram.

De acordo com a documentação recebida pela produção do Jornal Nacional, a PF descobriu que um subtenente da PM, na época lotado na 3ª Companhia do 5º BPM (Pirambu), teria detido, desarmado, espancado e atirado na perna de um adolescente de 17 anos - que inclusive teve de amputá-la - e o apresentou como sendo o autor do tiro que acabou matando o garçom, após uma intensa perseguição. O parceiro do delinqüente, identificado como Francisco Aderblaldo da Silva Coelho, conseguiu ‘furar’ o cerco policial.

No local onde aconteceu o tiroteio, em frente à farmácia, peritos do Instituto de Criminalística (IC) recolheram algumas cápsulas deflagradas de pistola semi-automática calibre 380 ACP, arma esta que foi utilizada pelo segurança particular. Mesmo assim, essa pessoa não foi identificada pela Polícia Civil. A esposa do garçom e dois funcionários da farmácia foram ouvidos no 1º Distrito Policial (Bairro Ellery) - na época - onde foi instaurado o inquérito. O sistema de vigilância eletrônica da filial não funcionava.

Coincidentemente, após a morte de Antônio Mendes, nenhum assaltante morreu em condições misteriosas depois de ‘atacar’ uma filial daquela rede de farmácias no Estado do Ceará.( Fonte: Diário do Nordeste )

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