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Artigo: A oportuna advertência de Celso Furtado

quinta-feira, 25 de novembro de 2004 às 17h21

Brasília, 25/11/2004 - O artigo “A oportuna advertência de Celso Furtado” é de autoria do vice-presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Aristoteles Atheniense:

“Em pronunciamento feito em dezembro de 2001, Celso Furtado fez uma advertência ao governo que não foi assimilada, gerando o seu descontentamento com os investimentos públicos destinados a cumprir as metas do superávit fiscal, favorecendo os interessados na elevação dos juros.

A seu ver, o primeiro desafio importaria em dar prioridade ao problema social e não ao econômico.

Se o Brasil partisse da identificação das crises sociais, certamente conseguiria criar um novo tipo de opinião pública. Não bastaria instituir um projeto nacional, sendo indispensável, sim, saber aonde se quer chegar, com a identificação dos diferentes motivos que afligem a população.

De outra forma – dizia ele – “o nosso país continuará a ser uma construção inacabada”.

A seu ver, foi nos anos 50, à época da construção de Brasília, que vivemos o período mais intenso da realização política e da renovação do pensamento. Era empolgante ver o País se industrializando, se transformando, incorporando massas da população à sociedade moderna. Ressaltou, então, a diferença existente entre a ordem global e a de cada povo, mostrando que esta última deverá ser administrada conforme as suas características próprias e não segundo os figurinos internacionais.

Se contamos com uma grande massa de desempregados, dispomos, também, de um enorme potencial de recursos naturais não utilizados. Caso fossem aproveitados racionalmente, favoreceriam a redução de expressiva parcela da sociedade que vive à beira das estradas e dorme debaixo das pontes.

Destarte, a mais importante questão a ser privilegiada é a criação de emprego, com a integração das camadas menos favorecidas no sistema produtivo.

Celso Furtado, como visionário, será sempre uma referência em nossa economia, pois esteve comprometido, em diversas épocas, com os princípios da equidade e da justiça social.

Formado em Direito, serviu na Força Expedicionária Brasileira, na Segunda Guerra Mundial, fundador da SUDENE no governo Kubitscheck, teve o seu nome indicado ao prêmio Nobel. A importância de sua obra para a economia latino-americana equivale à de John Maynard Keynes, para a economia mundial do século XX.

A sua perda leva-nos a rever outra significativa avaliação que deveria ser perpetuada, pela verdade que encerra:

“O caso do Brasil é típico pela diferença entre o poder que permanece virtual e aquele que se realiza plenamente. Em nenhum momento de nossa história foi tão grande a distância entre o que somos e o que esperávamos ser”.

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