Zero Hora: “A crise é moral e ética”, afirma Claudio Lamachia
Brasília - O presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, concedeu entrevista para a edição desta quinta-feira (10), do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, em que aborda o posicionamento da entidade diante da atual crise enfrentada pelo país. Confira:
Qual a posição do senhor sobre o pedido de impeachment?
Pedimos acesso aos autos da operação que prendeu o marqueteiro de campanhas da presidente e à delação do senador Delcídio. Os relatos da imprensa dão conta de que estamos diante de fatos gravíssimos e que, se confirmados, revelam verdadeiro atentado contra nosso Estado Democrático de Direito, que não poderá ficar sem uma resposta por parte de nossas instituições e da OAB. Não posso me posicionar sem conhecer os autos e as provas. Se confirmados, tenham certeza que o conselho federal da OAB não deixará de se posicionar.
Qual a saída para a crise?
A crise política e econômica tem como causa uma crise moral e ética, sem precedentes, que envolve segmentos da classe política. A sociedade tem o remédio, que é a conscientização da importância do voto e da vigilância sobre os eleitos. Esse é o caminho que cada um de nós deve ter como norte. A Constituição afirma que o poder emana do povo e, portanto, temos de assumir nosso papel de protagonismo no atual momento da vida nacional.
A OAB pode apresentar pedido de impeachment com base na delação de Delcidio Amaral?
Se a OAB entender que existem fatos que ensejem o impedimento da presidente, o objeto do pedido deve estar baseado neste conteúdo. Portanto, seria um novo pedido, com base em novos elementos.
Surgiram críticas de que o senhor quer investir na carreira política. Há esse desejo?
Não tenho desejo. Tenho o maior respeito pela atividade política. O que precisamos é depurar a classe política. Tive inúmeros convites para ingressar na carreira política, de quase todos os partidos, de ideologias absolutamente distintas. Meu compromisso é com minha função. Meu partido é a OAB e minha ideologia é a Constituição.
A OAB fará campanha de conscientização do voto em 2016?
Faremos. O eleitor precisa saber que o direito ao voto vem acompanhado do dever de fiscalização. A crise é, antes de mais nada, uma oportunidade de mudança. A começar pelo próprio cidadão.