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Marta Tonin relata à OAB barbárie em centro de internos no PR

sexta-feira, 24 de setembro de 2004 às 18h18

Brasília, 24/09/2004 - “Foi a cena mais triste da minha vida. As paredes das selas estavam ensangüentadas, o lugar destruído e os corpos dos internos, dilacerados. Uma verdadeira barbárie”. Foi assim que a representante do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil no Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Marta Marília Tonin, relatou ao presidente nacional da OAB, Roberto Busato, o resultado da rebelião no Educandário São Francisco, em Piraquara, região metropolitana de Curitiba (PR), que resultou na morte de sete adolescentes.

Marta Tonin responsabilizou a política do governo do Estado, de centralizar 228 adolescentes de várias partes do Paraná em uma única área da capital, como um dos agravantes da rebelião. O motim se deu na Ala A do Educandário São Francisco, onde ficam adolescentes de 17 a 21 anos que cometeram crimes de grave ameaça ou violência.

Os adolescentes estouraram a rebelião às 21h dessa quinta-feira, atearam fogo aos pavilhões e destruíram os móveis. Quando perceberam que iam morrer carbonizados, eles quebraram a parede que dá para a Ala B - onde ficam criminosos de gravidade intermediária - e se depararam com os adolescentes de gangues rivais. Eles foram mortos não pelo fogo, mas pelas facções formadas por adolescentes de outras cidades. “O que mais chama a atenção e nos aterroriza é o fato deles terem sido mortos por estoques, pedaços de barra de ferro e de paus pelos membros das facções inimigas”, explicou Marta Tonin.

Dos sete adolescentes mortos, apenas um era de Curitiba. Três eram de Londrina, um de Cascavel, outro de Cambé (no norte do Estado) e o último era de Jacarezinho. Além da política centralizadora do Estado na detenção dos adolescentes, Marta Tonin criticou o fato de não ter sido renovada a equipe de educadores do Educandário, reduzindo o número de oficinas profissionalizantes que possibilitam aos adolescentes o retorno ao convívio social.

No Paraná, existem hoje 800 adolescentes respondendo a medidas sócio-educativas em unidades como essa. Desses, apenas 23 são do sexo feminino.

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