Artigo: O grande encontro nacional dos advogados
Curitiba (PR), 20/11/2011 - O artigo "O grande encontro nacional dos advogados" é de autoria do presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Paraná, José Lúcio Glomb, e foi publicado na edição de hoje (20) do jornal Gazeta do Povo (PR):
"Da mesma forma que em 1978 foi a OAB a responsável por chamar a atenção do país para a democracia e a liberdade necessárias, agora ela mais uma vez saberá se posicionar nas complexas situações em que somos exigidos a nos pronunciar
Esta noite, no Grande Auditório do Teatro Positivo, terá início o maior evento jurídico das Américas. Mais de 6 mil advogados brasileiros estarão reunidos na 21.ª edição da Conferência Nacional dos Advogados, promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil. A cidade já vive o clima do grande encontro, com os participantes visitando os pontos turísticos da cidade, movimentando diversos segmentos da nossa economia.
Esta é a segunda vez que Curitiba recebe a Conferência Nacional, depois de haver sediado a 7.ª edição, em 1978. Naquela época, a OAB, liderada nacionalmente por Raimundo Faoro e, no Paraná, por Eduardo Rocha Virmond, assumiu uma posição desassombrada, pregando o retorno das garantias individuais e do Estado Democrático de Direito.
De fato, a partir da Conferência, por uma sucessão de fatores, o país começou a mudar, de tal forma que, dez anos depois, uma nova Constituição Federal foi promulgada, restabelecendo na plenitude a vigência da democracia e do estado de Direito. Em 1994 o Paraná voltou a sediar o encontro nacional dos advogados, em Foz do Iguaçu, evento organizado por Roberto Busato, hoje ex-presidente do Conselho Federal da OAB.
Os assuntos que a Conferência de 2011 vai discutir são empolgantes. Iremos debater sobre Democracia, Liberdade e Meio Ambiente, bem como os problemas institucionais do país e os que se referem aos advogados e à advocacia.
Entre os assuntos de interesse geral, temos diversas questões para discutir. A corrupção, por exemplo, este grande mal que se instala em todos os níveis da administração pública brasileira. Nossos administradores públicos preocupam-se com o daqui para frente, como se a civilização estivesse sendo iniciada em sua gestão. Falta-nos planejamento e, exatamente por isso, não temos memória do que foi feito, do que é necessário fazer. Urge pensarmos num curso de administração pública para quem pretenda gerir algum órgão governamental.
Chegam às dezenas as denúncias, as ações impetradas pelo Conselho Federal e pelas seccionais em todo o país para impor a lei em nome de toda a sociedade brasileira.
Este é um papel que nos cabe e dele não abrimos mão para que ajudemos a encontrar formas eficientes de combater a corrupção, sem darmos margem a que prevaleça a impunidade.
Sem que o bom, o honesto, aquele que deseja construir um Brasil melhor, acabe como vilão. Hoje, a coragem e o destemor dos que denunciam recebe a carga pesada de alguns dos denunciados ou a desprezível, a cínica indiferença de outros tantos.
Precisamos também analisar as causas da violência e as maneiras de neutralizá-las, porque a violência é uma desgraça sem tamanho, em todas as suas manifestações. Nas periferias ou nos centro urbanos degenerados. No trânsito e no lar.
Não podemos admiti-la porque, ao fazê-lo, iríamos ser obrigados a aceitar o fracasso do ser humano e da civilização que procurou criar. A miséria e a violência já chegaram às cidades médias, antes prósperas e pacatas, hoje tão assombradas quanto às populações das metrópoles, a viver seu dia a dia como se fosse a véspera da tragédia.
Entre os temas mais caros aos advogados, temos as questões relativas às prerrogativas profissionais, constantemente ameaçadas por alguns poucos, mas insistentes que não admitem a independência da nossa profissão, tão necessária para a garantia dos cidadãos, como há pouco reiterou o Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário que discutia a legalidade do Exame de Ordem, assim como o direito da OAB em realizar as provas.
Vamos falar dos honorários advocatícios, sustentáculo financeiro da advocacia, também ameaçados por quem não sabe que são eles que garantem a independência dos profissionais do Direito.
Há muito a trabalhar, a discutir, a encaminhar. Da mesma forma que em 1978 foi a OAB a responsável por chamar a atenção do país para a democracia e a liberdade necessárias, tenho certeza que, agora, ela mais uma vez saberá se posicionar nas complexas situações em que somos exigidos a nos pronunciar.
A OAB tem sido intransigente, no Brasil e no Paraná, em denunciar os grandes problemas que nos afligem, mesmo porque a população espera que a nossa entidade se pronuncie sempre de maneira firme e eficaz em tais questões. Desta responsabilidade, não fugiremos. Pelo contrário, estamos dispostos a fazer mais, a fazer sempre.
Só assim a nossa classe não terá lutado em vão, na busca pelos ideais mais elevados que fundamentam a nossa profissão."