José Eduardo Cardozo diz na OAB: sem "energia social" nunca se fará reforma
Brasíla, 18/11/2010 - O deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP) defendeu hoje (18), com veemência, o que classificou de "energia social" como a única forma de rever os atuais mecanismos que regem as eleições brasileiras, sustentando que o engajamento da sociedade é o requisito essencial para viabilizar e aprovar a reforma política. "Se não houver energia de fora para dentro, não acredito que se conseguirá superar a inércia que vivemos. Sem a sociedade entrando em campo, definitivamente não haverá o jogo da reforma política". A afirmação foi feita pelo parlamentar ao integrar painel que debateu o sistema partidário durante o seminário Reforma política - um projeto para o Brasil, realizado pela Ordem dos Advogados do Brasil em alusão a seus 80 anos de criação.
Defensor árduo das listas fechadas e do financiamento público de campanha, Eduardo Cardozo afirmou que o sistema atual choca com os valores sociais dominantes, é arcaico e favorece o uso do caixa dois nas campanhas e para a compra de cabos eleitorais. "No atual sistema, como se consegue a alavancagem eleitoral? Ou o candidato conta com o apoio de uma grande corporação, tem relações empresariais que o banquem ou tem inserção avassaladora na mídia. Fora isso, a chance de alguém se eleger é quase zero", explicou o parlamentar.
Na avaliação do deputado, não adianta mais o Congresso fixar novos mecanismos de controle para as regras eleitorais que estão postas atualmente. "Ou enfrentamos a causa com coragem, correndo o risco de mudar e errar, ou continuaremos nessa mesmície, criando meros remédios para atacar o que hoje é um câncer", acrescentou Cardozo, para quem o sistema atual prejudica, ainda, a governabilidade. O painel do qual o deputado participou foi acompanhado pelo presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, e presidido pela ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia Antunes da Rocha. O relator geral do evento foi o constitucionalista Luis Roberto Barroso. Pela OAB, também acompanharam os debates o secretário-geral, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, a secretária-geral adjunta, Márcia Machado Melaré, e o diretor-tesoureiro, Miguel Cançado.