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OAB: ato no Rio lembra 30 anos da carta-bomba que matou Lyda Monteiro

quinta-feira, 26 de agosto de 2010 às 16h12

Brasília, 26/08/2010 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, e o presidente da Seccional da OAB do Rio de Janeiro, Wadih Damous, abrirão amanhã (27), às 13h40, no Rio de Janeiro, o ato público pela memória dos 30 anos da morte de dona Lyda Monteiro - a secretária da Presidência do Conselho Federal da OAB que, exatamente às 13h40 do dia 27 de agosto de 1980, foi vítima de uma carta-bomba endereçada à entidade por extremistas de direita, contrários aos primeiros passos da abertura política do regime ditatorial vigente. "Com esse ato queremos mostrar que Lyda, a mãe, mulher, trabalhadora e mártir, símbolo da resistência da OAB e da sociedade civil contra a ditadura militar, morreu de forma sangrenta e violenta, mas sua morte não foi em vão: foi por uma causa que hoje estamos vendo consolidada em nosso país, que é a democracia", destacou hoje Ophir Cavalcante.

O presidente nacional da OAB afirmou ainda que o ato, além de reverenciar a memória de dona Lyda e a luta de resistência da OAB contra o regime ditatorial, pretende também ter efeito pedagógico. "É importante mostrar para as gerações de hoje e do futuro que elas não podem incidir no mesmo erro, que essa histórica trágica não pode mais se repetir em nossa sociedade", disse. Na mesma linha, o presidente da OAB-RJ, que será anfitrião do evento, salientou que com o ato "se quer lembrar sobretudo às novas gerações, aos jovens -  que não conheceram a ditadura militar e sabem dos episódios no máximo por meio dos registros históricos - que no Brasil, em determinado contexto histórico, vivia-se sob uma ditadura, havia um Estado repressivo e que setores militares praticavam atentados terroristas, tortura e procuravam matar seus contestadores por vários métodos violentos, inclusive por cartas-bombas". Wadih Damous lamenta que até hoje os autores do atentado não tenham sido descobertos e punidos.

Para o ato público estão convidados todos os 27 presidentes das Seccionais da OAB nos Estados e Distrito Federal, além de representantes de várias entidades da sociedade civil. A manifestação acontecerá no mesmo endereço em que dona Lyda foi assassinada - a antiga sede do Conselho Federal da OAB, na avenida Marechal Câmara 210, no 6º andar. Ali funcionava o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil  e o destinatário da correspondência era seu então presidente, Eduardo Seabra Fagundes. Mas a chefe da Secretaria da OAB, dona Lyda Monteiro da Silva, ao voltar do almoço e abrir a carta sobre sua mesma, foi a vítima. A explosão fez tremer o andar do edifício, além de arrebentar com a mesa de dona Lyda, que veio a falecer no caminho para o Hospital Souza Aguiar. O que restou da mesa, hoje uma relíquia histórica a lembrar o trágico acontecimento - e também um símbolo da resistência daquela época -, está hoje exposto no Museu Histórico do Conselho Federal da OAB, em Brasília.

No dia do atentado, Eduardo Seabra Fagundes estava viajando e respondia pela Presidência da OAB Nacional o seu vice-presidente, o advogado José Paulo Sepúlveda Pertence, que posteriormente, com a redemocratização, foi ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi um dos primeiros a chegar à sala da Secretaria e ver dona Lyda dilacerada e agonizante após a explosão da bomba. "Foi, sem dúvida, um dos dias mais chocantes de minha vida", recorda o ministro do STF, hoje aposentado, que voltou à advocacia.

Sepúlveda Pertence lembra que, pouco antes do atentado que vitimou dona Lyda Monteiro, a OAB insistia na identificação de agentes e ex-agentes dos serviços de segurança suspeitos das agressões sofridas pelo jurista Dalmo Dallari - seqüestrado em 02 de julho de 1980, em São Paulo. Ambos os crimes - como de resto centenas deles, inclusive o frustrado atentado ao Riocentro, perpetrados por agentes da ditadura militar - pertencem até hoje à galeria dos impunes.

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