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Artigo: Há um abismo entre o Senado e a sociedade

sexta-feira, 21 de agosto de 2009 às 10h18

Porto Alegre (RS), 21/08/2009 - O artigo: "Há um abismo entre o Senado e a sociedade"é de autoria do presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio Grande do Sul, Claudio Lamachia, e foi publicado na edição de hoje (21) do Jornal Correio do Povo (RS):

"Já ganha contorno abissal o desnível que existe entre o que a sociedade brasileira espera do Senado Federal e o que aquela Casa irradia para a mídia em termos de postura e conduta. Foco de inúmeros e nauseantes escândalos, recentemente o Senado também serviu de palco para bate-bocas nos quais sobraram farpas e ofensas trocadas entre parlamentares bem trajados que, por momentos, esqueceram os rigores do decoro e partiram para ataques pessoais de duvidoso nível.

Na arena em que se transformou o plenário estavam opositores e defensores do presidente da Casa, José Sarney, ele próprio - e seus parentes - pivô dos escândalos e da crise ética que se abateu sobre o Senado. Alguns parlamentares protagonizaram cenas lamentáveis que maculam a imagem da instituição e causam desnecessário risco à credibilidade do parlamento, da classe política e, por consequência, abalam um dos pilares da ainda jovem democracia brasileira, que precisa de bons exemplos institucionais para se manter saudável e ser aprimorada.

Pródigo em minar a própria e já escassa credibilidade, o Senado saiu-se com outro fato estarrecedor: a sua Comissão de Ética arquivou as representações contra Sarney. Já se faz imperioso o afastamento do presidente do Senado, causa principal do desgaste a que a casa legislativa está sendo submetida. Por este somatório de atos espúrios, é que, à época do início dos escândalos, causou estranheza e perplexidade a forma rápida e ardorosa como o presidente da República defendeu o parlamentar maranhense, num movimento que mesmo os mais estranhos conchavos políticos são insuficientes para justificar ou tornar plausível.

A sociedade quer e tem o direito de exigir a moralização administrativa do Senado, já que a crise ética sem precedentes não é da instituição, mas de seus representantes. Também é preciso que os parlamentares trabalhem e, de fato, legislem (os advogados ainda lembram bem do projeto de lei das férias, que aguarda por votação há mais de um ano) e não fiquem apenas apagando incêndios aéticos e imorais ou promovendo bate-bocas estéreis.

Alguns políticos têm de reconfigurar suas condutas enquanto entes públicos e honrar o voto que receberam do eleitorado, respeitando o decoro, a opinião pública e a decência que deles se espera. Estas mudanças de comportamento seriam muito salutares para a democracia e resguardariam também a saúde da consciência pública até as próximas eleições, quando virá o veredicto popular sobre tudo o que está acontecendo".

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