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Grampolândia no Pará cuida apenas de traições e uso de drogas

domingo, 7 de setembro de 2008 às 10h42

Belém (PA), 07/09/2008 - Diferente do que acontece no Planalto, onde nem o ministro Gilmar Mendes escapou do grampo telefônico, não há nada de espionagem política na rotina dos ''arapongas'' paraenses, que concentram 80% de seus esforços na investigação das traições conjugais. Somente 20% dos serviços contratados das empresas de investigação e segurança se referem a outros tipos de investigações, mas ainda assim o percentual é dividido com outro assunto de família: o monitoramento de filhos em relação ao uso de drogas, comunicação via internet e outros temas que os pais têm dificuldade de lidar. O resto do aparato dos arapongas é usado para trabalhos no mundo corporativo, onde a quebra de sigilo telefônico em escutas a pedido de clientes é muito comum.

O detetive particular de codinome Magnum - uma referência ao seriado com o famoso detetive hawaiano, atua há 16 anos no Pará e explica que a maior parte dos clientes quer mesmo é saber o que os maridos e esposas andam fazendo, e para isso não é necessário muito aparato tecnológico. ''Nesse caso, tudo o que o cliente quer é uma prova, e isso a gente obtém com uma câmera fotográfica ou câmera de vídeo. É muito difícil se recorrer a uma escuta nesse tipo de caso'', garante o detetive, membro da Associação de Agentes de Investigação Privada do Estado do Pará, fundada há quatro anos.

Para a presidente da OAB do Pará, Ângela Sales a espionagem pela quebra de sigilos ultrapassou todos os limites. "É um grampo ilegal, que está sendo usado nos moldes dos piores Estados totalitários". Ela afirma que, mesmo quando autorizada pela justiça, a escuta se torna ilegal por não cumprir os critérios da lei, de ser usada apenas contra pessoas que são rés em processos e mesmo assim quando há fortes indícios do crime investigado. Nesta situação, ''a quebra do sigilo deveria acontecer como último recurso para complementar uma investigação'', ressalta Ângela.

Segundo ela, a proposta da OAB é de que todo pedido de autorização para quebra de sigilo telefônico seja regulado pelo Conselho Nacional de Justiça, para que não corram mais situações como a dos grampos ocorridos em Brasília. (A matéria foi publicada no jornal O Liberal)

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