Ministra afirma na OAB que clima de ‘grampolândia' é desagradável e assustador
Brasília, 05/09/2008 - A ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, qualificou hoje (05) de "desagradável e assustador" o clima de grampolândia vivido pelo País, em que a vida íntima das pessoas pode ser bisbilhotada por grampos de escuta telefônica, com ou sem autorização judicial. "Eu não tenho medo de falar ao telefone, mas é desagradável e assustador saber que tudo isso está ocorrendo", afirmou a ministra ao chegar à sede do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil para participar da Conferência Nacional para Superação da Violência e Promoção da Cultura da Paz. Ela foi recebida pelo presidente nacional da OAB, Cezar Britto.
Nilcéa Freire considerou preocupante, sobretudo, o fato de que as escutas telefônicas podem facilmente se transformar em instrumentos de chantagem ou invasão de privacidade. "A questão é que, em meio a uma conversa de cunho absolutamente pessoal, onde você está tratando de sua intimidade, a escuta pode ser utilizada em algum momento para uma chantagem, pode ser usada para invasão de sua intimidade".
A ministra lembrou sua condição de opositora do regime militar, durante o qual a censura, a delação e as perseguições políticas e pessoais eram rotina, para repudiar qualquer tentativa de se instalar um Estado de Bisbilhotagem no País, como denunciou o presidente nacional da OAB em recente discurso. "Eu que vivi lutando contra a ditadura, pelo restabelecimento do Estado de Direito e pelas liberdades democráticas, não posso concordar com isso".
Nilcéa Freireavaliou, contudo, que o País não descambará para essa situação. "Vivemos numa democracia e estamos dando passos importantes para consolidação dessa democracia, as instituições brasileiras funcionam e eu tenho plena convicção de que os exageros, os desvios serão corretamente inibidos", afirmou a ministra.