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OAB recebe denúncias de centrais sobre criminalização dos movimentos sociais

sexta-feira, 1 de agosto de 2008 às 07h32

Brasília, 01/08/2008 - Representantes de vários movimentos sociais e de centrais sindicais estiveram reunidos hoje com o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, e fizeram uma série de denúncias que indicam a tendência cada vez maior de criminalização, em todo o Brasil, dos atos praticados pelos movimentos sociais em representação às suas categorias. "Estamos chegando cada vez mais próximos de um estado policial no Brasil, onde a solução parece ser cadeia pra todo mundo", afirmou Britto, lembrando que também os advogados têm sentido o problema na pele, tendo seus atos criminalizados quando da defesa de clientes.

Entre as denúncias relatadas pelos representantes sindicais estão decisões judiciais aplicando multas exorbitantes contra a realização de assembléias e atos públicos em frentes a fábricas, vedação de distribuição de folders e material convocatório para reuniões e punições contra greves já realizadas, além de demissões em massa por parte das empresas. Um caso que chamou a atenção foi a recente ação ajuizada pelaGeneral Motors, na planta de São José dos Campos (SP), em que a empresa pede a proibição da circulação de membros sindicais nas fábricas para falar com os trabalhadores.

"É inadmissível esse procedimento em pleno Estado Democrático de Direito. Há o direito de greve e o direito de livre representação. No entanto, se deferido, nós não poderemos aparecer nas portas das fábricas para falar com os sindicalizados", criticou o coordenador nacional do Conlutas, José Maria de Almeida, presente à reunião na sede da OAB. "A atitude da empresa poderia ser enquadrada como crime contra a organização do trabalho", complementou.

Entre os relatos que mais chamaram a atenção está, ainda, o da aplicação de multa milionária pedida pela Embraer contra o Sindicato dos Metalúrgicos, pela distribuição de panfletos em frente ás fábricas. "Essa multa sangra os cofres sindicais em 30% todos os meses", afirmou o advogado da Conlutas, Aristeu César Pinto Neto.

Os relatos foram entregues em um dossiê ao presidente nacional da OAB, que se colocou à disposição das entidades para debater e auxiliar na tomada de providências, políticas e judiciais, a fim de driblar a tendência de criminalização dos movimentos sociais. Para tanto, foi marcada uma nova reunião (às 10h do dia 27 de agosto) entre dirigentes da OAB e as centrais sindicais com o objetivo de organizar um amplo seminário sobre o tema, a ser realizado em Brasília. Na oportunidade, Britto lembrou que também a XX Conferência Nacional dos Advogados abordará a questão em um de seus painéis, tendo como tema principal "Estado Democrático de Direito x Estado Policial - Dilemas e Desafios em Duas Décadas de Constituição".

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