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Ophir: com ausência do Estado, Amazônia é o Velho Oeste americano

terça-feira, 10 de junho de 2008 às 18h16

Brasília, 10/06/2008 - Ao lado da preocupação com questões como a soberania e ameaças de internacionalização da Amazônia, o habitante da região amazônica sofre hoje mais diretamente é com o problema concreto da ausência do Estado e com o sentimento de que está abandonado pelos poderes públicos. A afirmação foi feita hoje (10) pelo diretor do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante Junior, ao intervir no debate sobre o futuro da Amazônia, conduzido pelo presidente nacional da OAB, Cezar Britto. Ex-presidente da Seccional da OAB do Pará, onde exerce a advocacia, Ophir comparou a Amazônia ao Velho Oeste americano e disse que, diante da ausência do Estado, a "bandidagem" reina em locais como Castelo dos Sonhos, no Pará, a despeito do nome iparadisíaco.

A seguir, a intervenção de Ophir Cavalcante Junior no debate sobre a Amazônia:

"Senhora presidente em exercício dessa sessão do Conselho Federal da OAB, doutora Cléa Carpi da Rocha; senhores e senhoras conselheiros e convidados.

Eu quero primeiramente parabenizar este Conselho pela maturidade na discussão deste tema. Este Conselho demonstra uma sensibilidade muito grande numa questão nevrálgica, que é a tese da soberania nacional.

Mas, me preocupa muito, na condição de também de pessoa oriunda da Amazônia - sou do Pará - um aspecto que somente agora está sendo levado em consideração pelo Estado brasileiro, que é a ausência desse próprio Estado na região amazônica.

Nós, brancos, índios, negros, nos sentimos extremamente abandonados. E isto não é uma auto-discriminação; isso é uma constatação; isso é algo de quem vive a realidade não só da advocacia, mas da população do meu Estado. Lá nós temos vários Estados num só, várias culturas numa só - e as ações do governo federal e também dos governos estaduais são extremamente tímidas. Eu diria aos senhores, são ações pífias e inócuas. Temos um Incra e um Ibama sem estrutura nenhuma; uma estrutura que se está pensando ainda em melhorar, tentando resolver o problema secular da madeira naquela região; temos ações efetivas de repressão como a operação "arco de fogo" e outras, que são importantes serem feitas, mas que não vão resolver o problema. Vão dar talvez uma satisfação para a sociedade - a sociedade internacional, sobretudo -, a respeito do que está sendo feito dentro da Amazônia.

É nesse sentido que eu gostaria de ouvir a senadora Marina Silva, o doutor Márcio Meira e o ministro Francisco Rezek, a respeito de como o governo federal, em conjunto com o governo federal, em conjunto com os governos estaduais, pensa resolver essa grave situação. Eu comparo hoje a Amazônia com o velho oeste americano, pois é uma terra muitas vezes sem lei. E por que? Sobretudo, pela ausência efetiva do Estado, o que me preocupa muito. No meu Estado, por exemplo, há uma área chamada Castelo dos Sonhos, que é uma área dominada pela bandidagem e onde o Estado não consegue chegar, uma área que fica distante de tudo e de todos.

Esse é um tipo de exemplo que fica para todos nós. Que ocupação é essa que se faz com a Amazônia; que justificativa que se dá para os organismos internacionais? Então, considero importante para situarmos essa questão também que ela tenha uma melhor e mais ampla avaliação pelo Conselho Federal da OAB".

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