Menu Mobile

Conteúdo da página

Artigo: O começo do fim

quinta-feira, 13 de março de 2008 às 16h01

Maceió (AL), 13/03/2008 – O artigo “O começo do fim” foi publicado pelo presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Alagoas, Omar Coêlho, em O Jornal (AL):

“Alagoas, além de suas praias espetaculares, seu povo altamente hospitaleiro, tem uma vocação extraordinária para a política. Daqui saíram Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto e Fernando Collor para presidir o Brasil, sem contar com o notável Menestrel das Alagoas, Teotônio Vilela, dentre tantos outros que fizeram e fazem a história política nacional.

Há quase três décadas, entretanto, Alagoas passa por um período de profunda desordem política. As instituições se enfraqueceram gradativamente e os homens que as comandavam deram espaço aos descompromissados com o bem-comum e com o Estado. Os trabalhos em prol das comunidades, antes reconhecidos nas urnas, foram substituídos pelos “trens-pagadores”, pessoas inescrupulosas que passaram a pagar pelo voto, aproveitando-se da miséria que crescia e cresce.

Por sua vez, os homens e mulheres de bem começaram a aceitar, assim como as instituições, que essa escória começasse a ocupar seus lugares, e era como se nada estivesse acontecendo. O poder de indignação do povo deu lugar à acomodação e à omissão. Nada mais seria como era! Ser servidor público, que antes era motivo de orgulho, passou a ser sinônimo de acomodado, desleixado e marajá. A prosperidade que advinha do trabalho árduo e honesto passou a ser alcançada através de cargos políticos e da prática ostensiva da corrupção. O mérito deu lugar à indicação paternalista, através de fraudes nas nomeações, etc.

Tudo isto acontecendo e o pobre povo alagoano assistindo a tudo calado e acovardado. Mas, a quem reclamar ou denunciar? De vez em quando, aparecia alguém tentando despertar o povo dessa indolência inconsciente e inconseqüente, mas a quem recorrer? Afinal, as instituições também se encontravam nesse mesmo estado de letargia. Alguns desistiram, outros continuaram dando murro em ponta de faca.

Até que numa bela manhã de maio/2005, helicópteros sobrevoaram a linda Maceió, logo ao alvorecer: era a Operação Guabiru. A Polícia Federal prendendo e levando autoridades municipais para prestar esclarecimentos sobre desvio de verbas da merenda escolar das criancinhas pobres desse Estado das Alagoas. Um crime hediondo, sem dúvida! Naquele dia, não consegui sair do carro, indo e vindo de um lado para outro, ouvindo todas as rádios que cobriam as ações policiais. Estranhamente, só ouvia críticas à PF pelo uso das algemas. Parece que o povo não vislumbrava o significado daquilo. Não resisti, liguei para as rádios para defender e enaltecer o significado da ação policial, inclusive quanto ao uso das algemas. O pobre é preso, algemado, espancado e não costumamos ouvir tantas reclamações, mas, quando é gente do nosso meio social ou autoridades públicas, minha nossa! Lembro-me que até o governador da época saiu em defesa dos indiciados e criticou as ações da PF.

Entretanto, passado o momento patriótico de euforia, tudo voltou a ser como antes! O começo do fim da impunidade e da corrupção ainda estava longe de iniciar.”

Recomendar

Relatar erro

O objetivo desta funcionalidade e de reportar um defeito de funcionamento a equipe técnica de tecnologia da OAB, para tal preencha o formulário abaixo.

Máximo 1000 caracteres