Tarso garante à OAB que vai investigar envenenamento de Jango
Brasília, 01/02/2008 – O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Cezar Britto, conversou hoje (01) com o ministro da Justiça, Tarso Genro, a respeito das investigações sobre as circunstâncias da morte do ex-presidente João Goulart, o Jango, em 1976, na Argentina. Durante a conversa, na cerimônia de abertura do ano judiciário no Supremo Tribunal Federal, o ministro informou a Britto que o governo vai se empenhar nessa investigação e solicitou a participação e acompanhamento do caso pela OAB. Jango teria morrido vítima de envenenamento, a pedido do então presidente Ernesto Geisel, segundo relato de Mario Neira Barreiro, ex-agente dos serviços de inteligência do Uruguai que está preso por tráfico de armas na penitenciária de Charqueadas, no Rio Grande do Sul. Barreiro teria como missão espionar Jango, que vivia exilado no Uruguai.
Para o presidente nacional da OAB, o caso relatado pelo ex-agente precisa ser investigado a fundo, “até porque a nação tem direito à verdade sobre sua história”. Segundo ele, o ministro da Justiça lhe assegurou que as investigações já estão sendo levadas a termo e que, tão logo sejam concluídas, seus resultados serão comunicados ao País. Britto disse ainda que as possíveis ligações entre a morte de Jango e a Operação Condor – que nos anos 60/70 cuidava da espionagem e eliminação dos opositores às ditaduras na América do Sul – devem ser também investigadas.
“A possibilidade de envenenamento de um presidente da República é extremamente grave e não pode pairar qualquer dúvida sobre a ação criminosa contra aquele que já foi a maior autoridade de um país”, observou Britto. “A OAB considera importante que se investigue e que se aponte para à nação o que ocorreu com o ex-presidente, ainda mais no momento em que o Brasil está sendo duramente criticado por ter participado da Operação Condor, uma operação em que se eliminavam opositores aos sistemas autoritários. E não deve ser mera coincidência a existência dessa operação com o fato de um ex-presidente brasileiro ser envenenado em outro país; se há ou não relação com a Condor é o que não podemos, portanto, deixar de investigar”.