OAB-RJ: país foi covarde ao ignorar crimes da ditadura
Brasília, 27/12/2007 - O presidente da Seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Wadih Damous, defendeu hoje (27) que o governo conduza sua própria investigação sobre os brasileiros que tiveram ordem de prisão pedida pela Justiça italiana por conta de sua suposta participação na Operação Condor. Na avaliação de Damous, "o Brasil, infelizmente, renunciou a averiguar o próprio passado". Mas diz que "é de se esperar, agora, que o governo brasileiro conduza a sua própria investigação e puna os culpados. Torturas e assassinatos políticos são crimes imprescritíveis e não devem dar causa a surtos de nacionalismo extemporâneos", afirma.
Esta semana, a Justiça italiana decidiu expedir ordens de prisão para 146 sul-americanos supostamente envolvidos com a Operação Condor, uma ação articulada de repressão aos opositores dos governos militares da América do Sul nos anos 70 e 80. Sem revelar os nomes dos acusados, a Justiça italiana expediu ordens de prisão contra 13 brasileiros. Para Damous, a "covardia" dos governos brasileiros fez com que a Itália acabasse assumindo uma investigação que deveria ser feita aqui.
"Como é praxe na política nacional, fez-se o acordo por cima - pacto das elites - e deixou-se de apurar os crimes da ditadura militar. A tarefa, no caso da chamada Operação Condor, ficou, ante a covardia dos nossos sucessivos governos pós período autoritário, para os países estrangeiros", critica. Ele defende que sejam feitas investigações sobre os supostos envolvidos que ainda estejam vivos. "A maioria dos acusados está morta. No entanto, há os remanescentes", lembra.