OAB: reforma política a partir de janeiro pode fazer País avançar
Brasília, 27/11/2007 – O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Cezar Britto, ao se manifestar hoje (27) como conselheiro na 24ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), apoiou o aceno do governo de começar a discutir a reforma política a partir de janeiro do próximo ano. “Se o governo ingressar na discussão da reforma política podemos avançar; agora, se não fizermos isso, vamos continuar cuidando pontualmente dos graves problemas, apagando focos de incêndios nos momentos de crise”, disse Britto, ao comentar promessa do ministro das Relações Institucionais, José Múcio, de que o governo deve cuidar da reforma política a partir de janeiro, quando pretende reunir no CDES o grupo de presidentes de partidos da base governista. A reunião do CDES está sendo realizada no Palácio do Planalto.
“Nossos parlamentares devem conduzir prioritariamente a reforma política; devem pensar muito mais nas próximas gerações do que nas próximas eleições”, afirmou Cezar Britto em sua manifestação. Sentado entre os ministros José Múcio e Tarso Genro, da Justiça, Britto destacou ao plenário do CDES que não é mais aconselhável que o país continue se movimentando apenas em momentos de crises, “quando aparecem verbas e soluções emergenciais”. Ele reclamou políticas de longo prazo e soluções definitivas para os problemas nacionais, o que, na opinião dele, podem surgir a partir da reforma política, inclusive com propostas apresentadas nesse sentido pela OAB aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Para Britto, o que a sociedade brasileira já não tolera mais “é que se deixe sempre o Brasil para depois”. Nesse sentido, ele lembrou mais uma vez o caso da adolescente de 15 anos que ficou presa quase um mês entre 20 homens no Estado do Pará, sendo estuprada e seviciada. “Esse episódio fez cair a máscara da hipocrisia do sistema prisional brasileiro”, salientou o presidente nacional da OAB lembrando que as pessoas se escandalizaram, no episódio, por se tratar de uma adolescente e não de uma mulher e um ser humano, presa com pessoas do sexo oposto.
“Foi como no caso do índio Galdino, quando jovens atearam fogo nele dizendo que achavam que era um mendigo, ou no caso da empregada doméstica, a quem espancaram achando que era uma prostituta”, exemplificou. E indagou: “Então, por ser mendigo ou prostituta podem sofrer todo e qualquer tipo de agressão?”. Na opinião de Cezar Britto, uma autêntica reforma política pode começar a dar as respostas decisivas de que a sociedade precisa para acabar com a hipocrisia de um sistema que sempre foi hostil aos mais necessitados - os pretos, pobres e prostitutas, a famosa tríade do “P”.