OAB-RJ quer combate à violência sem políticas de extermínio
Rio de Janeiro, 26/09/2007 – “Em relação à segurança pública no Brasil, defendemos uma política de inteligência calcada na prevenção e nos investimentos sociais e não apenas dar prioridade a políticas de extermínio como alguns governos adotam para o combate à criminalidade, como é o caso do Rio de Janeiro”. A afirmação foi feita pelo presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro, Wadih Damous, ao comentar hoje enquete feita por um jornal do Rio, que mostrou que 54% dos 2.123 leitores votantes acreditam que o problema da corrupção policial e a violência não têm solução e 46% enxergam, ainda, uma luz no fim do túnel com relação a esse problema.
O problema da violência é extremamente difícil de ser resolvido e nem será controlado no curto prazo segundo Wadih Damous. Em sua opinião, no entanto, é possível contornar a violência desde que os governos estaduais optem por políticas públicas que priorizem os investimentos sociais, a educação, o emprego, a saúde, o esporte e lazer para as comunidades. O problema da segurança pública não diz respeito tão somente aos aspectos técnicos, conforme afirmou o presidente da OAB fluminense, mas se aprofunda quanto maiores são as desigualdades sociais. “A redução das desigualdades e a oferta de uma perspectiva de vida à juventude dos bairros pobres com toda certeza implicaria na redução dos índices de criminalidade no país”.
Outro grave problema apontado por Wadih Damous é o fato de as políticas de segurança no Brasil serem formuladas levando-se tão somente em conta os aspectos bélicos e uma política classificada por ele como “de guerra”. “O combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado não pode pressupor que as regiões pobres, as periferias e favelas das grandes cidades se constituem território inimigo e isso é um conceito de guerra”.
Entre os reflexos dessa “política de guerra” da qual fala o presidente da OAB-RJ, está o fato de o maior número de vítimas não estar do lado dos combatentes, mas entre os inocentes, ou seja, os moradores das favelas, dos morros e áreas mais violentas. “Essas pessoas se vêem estigmatizadas, como se bandidos fossem, e são um alvo fácil do fogo cruzado entre a polícia e o bandido”.