Porto Velho (RO), 11/09/2007 - A verdadeira mudança na forma de fazer política no Brasil só virá quando os políticos trabalharem sem remuneração, como acontece com os membros da Ordem dos Advogados do Brasil e de tantas outras entidades de representação profissional. A opinião é do presidente da Seccional de Rondônia da OAB, Hélio Vieira, para quem, enquanto não se instituir no Brasil a representação política voluntária e sem remuneração, o país continuará a assistir escândalos patrocinados por quem deveria ser a lanterna na proa da sociedade brasileira.

Esse seria apenas um dos pontos observados pelo representante da advocacia rondoniense em relação ao debate sobre a reforma política que o Brasil necessita com urgência, mas que os responsáveis pela sua efetivação adiam indefinidamente. Outro fator que, segundo Hélio Vieira, contribui para que se faça apenas uma reforma superficial é que o debate vem de cima para baixo, quando deveria começar no seio da sociedade, a partir de discussões com a comunidade representada pelos movimentos sociais legítimos.

O presidente da OAB de Rondônia vê o fim da remuneração aos políticos como um dado positivo, a partir da visão de que, sem o aspecto econômico, será possível melhorar o perfil da classe política, com a sociedade elegendo para representá-la pessoas que tenham verdadeiro compromisso com o desenvolvimento do Brasil. “Isso contribuirá decisivamente para acabar com a barganha que só beneficia os detentores do Poder. Sem observar esse aspecto, a reforma que a classe política finge estar discutindo será um esforço inútil”, afirma Hélio Vieira.

“Pelo tom do debate e pelo conteúdo das propostas que são apresentadas ficam claro que não se quer operar mudanças profundas no jogo político brasileiro”, observa o advogado, conclamando a sociedade a reagir contra mais uma manobra ardilosa daqueles que já detêm o Poder e dele não pensam em abrir mão.

Outro aspecto da política brasileira para o qual o presidente da OAB de Rondônia chama a atenção é quanto à estrutura do Legislativo (federal ou estadual) que, apesar da pujança e da facilidade com que se libera recursos para os parlamentares, não é capaz de dar respostas às demandas sociais. “Está mais do que na hora da classe política – que passa por um momento crítico em termos de credibilidade – dá uma satisfação ao povo brasileiro”, aponta Hélio Vieira.

Nesse sentido, a diretoria da OAB Rondônia aprova integralmente a posição adotada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil que, através do presidente Cezar Britto, vem fazendo gestões em favor da reforma política apresentando sugestões para melhorar o nível e a qualidade dos políticos que as populações dos Estados elegem para representá-las no plano nacional.