Médico destaca importância do exame da OAB
Curitiba, 26/08/2006 - Os Estados Unidos e o Canadá tinham um grave problema no início do século passado, igual ao que o Brasil tem hoje. Juntos, tinham 160 faculdades de medicina, quase todas mal equipadas, sem currículo regulamentado, corpo docente fraco e carente, a maioria preocupada apenas com o lucro. A Fundação Carnegie contratou então o educador grego Abraham Flexner para fazer um estudo sobre as escolas médicas da América do Norte. Precisava ser alguém que as analisasse do ponto de vista do educador, não do praticante da profissão.
Durante quatro anos ele visitou todas elas e fez um minucioso relatório. Suas posições e propostas, seguidas à risca, demoraram 23 anos para serem implementadas. Nesse período foram fechadas 94 escolas médicas, restando para as remanescentes normas de funcionamento, como a obrigatoriedade de serem vinculadas a uma universidade ou a hospitais de ensino. A entrega da licença médica foi vinculada ao “State Board”, uma prova de aptidão semelhante ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil.
Ex-presidente da Associação Médica Brasileira, Antônio Celso Nunes Nassif diz que no Brasil tudo aconteceu exatamente ao contrário. Eram 29 escolas médicas em 1960, passando para 73 em 1971. Só em 1968 foram criadas 13 escolas médicas, mais de uma por mês. Passaram a 80 em 1992 e fecharam o século com 99 cursos. Hoje elas somam 158. Para acabar com esse “festival de instituições”, Nassif sugere a criação de um “projeto Flexner brasileiro”.