Lamachia recebe relator e presidente da comissão que discute pacote anticorrupção
Brasília – O presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia,
reforçou críticas feitas quando esteve pessoalmente na comissão a itens do
chamado pacote de 10 medidas anticorrupção encampadas pelo Ministério Público
que são discutidas em comissão especial na Câmara dos Deputados. Lamachia
recebeu na tarde desta terça-feira (11) o relator do Projeto de Lei 4850/2016 –
que estabelece propostas contra a corrupção, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS),
e o presidente da comissão especial, Joaquim Passarinho (PSD-PA), na sede do
Conselho Federal.
Apesar de destacar aos parlamentares não ser contra o pacote
como um todo, o presidente da Ordem destacou que alguns pontos são
inegociáveis. No dia 14 de setembro, Lamachia esteve na comissão que discute o
pacote, em audiência pública, ocasião em que entregou ao presidente do
colegiado formado para discutir a proposta e ao relator da matéria documento
contendo sugestões e deliberações do Conselho Federal da OAB para discutir a
questão da corrupção.
“Não há dúvidas de que precisamos melhorar nossa legislação
no combate a corrupção. Mas há pontos em que temos contrariedade direta, formal
e frontal. O primeiro deles é a questão das provas ilícitas. Também na questão
do teste de integridade dos agentes públicos, na linha de que contraria a
princípios da dignidade da pessoa humana, a presunção da inocência, respeito à
intimidade e o conteúdo substantivo da cláusula que prevê o devido processo
legal. É extremamente preocupante ainda a ideia de restringirmos a utilização
do instrumento do habeas corpus. Exatamente no período mais crítico da nossa
história, o período da ditadura militar, foi quando tivemos exatamente a
redução do instrumento do habeas corpus. Não há como retroceder nesse aspecto”,
disse Lamachia.
Relator do projeto, Lorenzoni prevê que a entrega do seu
parecer deverá ser feita no mês de novembro. Ele reconheceu a contribuição do
encontro na OAB para o desenvolvimento de seu relatório. “Para nós da comissão
era fundamental ter esse diálogo permanente com a OAB. Temos na OAB o esteio de
conquistas, garantias e direitos individuais fundamentais na história
brasileira e era muito importante vir aqui com nossos consultores ter um
diálogo franco e aberto com o presidente Lamachia. Recebemos aqui sinalizações
importantes que darão mais tranquilidade ainda para que as 10 medidas possam
ser realmente eficientes naquilo que interessa à sociedade brasileira, que é o
combate à corrupção”, disse ele.
Habeas corpus
Lamachia lembrou que muito antes de o Ministério Público
surgir com as 10 medidas anticorrupção, a Ordem já havia feito proposições com
o mesmo objetivo. “OAB desenvolveu um material aprofundado na linha de um
efetivo combate a corrupção. Algo que em algumas das propostas que defendemos
se compatibilizam com as que são aqui postas com as ditas 10 medidas. Temos
críticas pontuais, mas há coisas que foram propostas pela Ordem na mesma
direção, em 2013, muito antes de o Ministério Público formular sua proposta,
como por exemplo, a criminalização do Caixa 2 eleitoral”, afirmou Lamachia.
Ao final do encontro, Lorenzoni adiantou que seu relatório
não vai alterar nada no que diz respeito ao habeas corpus. “A ideia é não mexer
nas questões que envolvem o habeas corpus porque tem dois grandes valores nesse
instrumento. O primeiro é específico: ele serve de salvaguarda para o cidadão.
O segundo é que ele tem uma marca histórica muito importante do reencontro do
Brasil com as liberdades e as garantias que depois foram plasmadas na
Constituição de 1988. Então, por essas duas razões estamos consolidando a visão
de não alterar, não restringir dos HC no Brasil”, declarou o relator.