Faculdades de Direito preocupam presidente da OAB-Roraima
Boa Vista, 18/07/2005 - Todos os anos, aproximadamente cem bacharéis de Direito se submetem ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Roraima, mas o índice de aprovação no Estado está em torno de 20%. E o número de estudantes de Direito que futuramente terão que enfrentar o exame só tem crescido cada vez mais. Atualmente esse número está bem próximo à quantidade de advogados inscritos na Ordem, pouco mais de quinhentos.
O presidente da Seccional da OAB, Antônio Oneildo, vê com preocupação o crescimento do número de cursos de Direito na cidade. Segundo ele, o mercado não comporta tantos profissionais e caso continue com esse índice de aprovação muitos deles não terão a oportunidade nem mesmo de advogar. As três faculdades que oferecem curso de Direito, juntas, somam um total de 460 estudantes.
“É preciso que haja um crescimento de forma gradual, acompanhado da qualidade porque as pessoas fazem um investimento alto com base numa expectativa de receber boa instrução. Mas só vai se tornar um advogado quem passar no exame”, disse. Segundo Oneildo, essa preocupação tem que começar desde o início do curso com a realização de estágios para que os estudantes comecem a ter noção do funcionamento desse mercado de trabalho.
Na verdade, a maioria dos estudantes hoje que cursam Direito nem sempre sonha com a advocacia. Segundo a estudante Olene Matos, de 20 anos, quase 90% dos alunos da sua turma estão cursando Direito porque querem passar em um concurso público. “Eu quero advogar apenas os três anos porque é a exigência mínima de experiência que todos os concursos exigem”, disse ao afirmar que como ela, grande parte dos seus colegas nem mesmo sabe qual a profissão que quer exercer no serviço público.
Mas ainda tem alguns alunos que estão convictos com o sonho de se tornar advogado como é caso de Carlos Felipe Gomes, 20 anos, que apesar de estar no 3º ano, já estagia desde o ano passado. “Quero conhecer logo no início os trâmites de processos porque o meu sonho é ser advogado”, afirma, mas sem descartar a possibilidade de um dia ter que optar pelo serviço público. Para ele, há o risco do mercado ficar saturado quando começar a sair os primeiros formandos das turmas das faculdades particulares, mas se isso acontecer, “ainda teremos a opção dos cargos na área do Direito dentro do serviço público”.