Confef e OAB debatem parceria para valorização profissional
Brasília, 12/04/2005 – O Conselho Federal de Educação Física (Confef) quer deflagrar campanhas em parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) visando a valorização dos profissionais formados e éticos e contra a criação desenfreada de cursos sem qualidade no País. O interesse foi manifestado hoje (12) pelo presidente do Confef, Jorge Steinhilber, que esteve reunido na sede da OAB com o presidente nacional da entidade, Roberto Busato.
Como exemplo de campanha a ser lançada pela OAB e o Conselho de Educação Física, Jorge Steinhilber citou a disseminação de informações que conscientizem a sociedade quanto à importância de priorizar profissionais éticos e filiados aos Conselhos profissionais. “O lema poderia ser ‘exerça sua cidadania. Procure profissionais habilitados’, trazendo as chancelas das duas entidades para conscientizar a comunidade quanto à importância de procurar, sempre, um profissional formado, registrado”, afirmou Steinhilber.
“Da mesma maneira que a pessoa procura sempre um médico formado e um advogado com registro na OAB, que ela também passe a se responsabilizar consigo própria e a priorizar a contratação do profissional que tenha sede na entidade e esteja habilitado a oferecer um serviço com segurança”, acrescentou o presidente do Confef. Outras questões debatidas na reunião na sede da OAB foram o uso ilegal de substâncias anabolizantes e a formação profissional de qualidade. “É um absurdo, na nossa opinião, termos 430 cursos de Educação Física no Brasil, sendo que alguns são meros supermercados de diplomas”.
O Conselho Federal de Educação Física foi criado em 1998, mas já possui 130 mil profissionais registrados em todo o País e 13 Conselhos Regionais funcionando em capitais brasileiras. Do total de 130 mil profissionais registrados, 65 mil encontram-se no eixo Rio-São Paulo. Atualmente, existem cerca de 430 cursos de Educação Física e cerca de 116 mil alunos.
Um exemplo de projeto bem sucedido apoiado pelo Confef é o de Santa Catarina, onde existe uma Associação dos Conselhos Profissionais, presidida pelo presidente da OAB de Santa Catarina, o advogado Adriano Zanotto (que além de advogado é mestre de Tae Kwon do). A entidade, com dez anos de vida, se reúne mensalmente em uma sede própria em Florianópolis e debate os avanços e problemas das profissões. São tratadas, por exemplo, questões como o pagamento de anuidades e a adoção de exames para todas as profissões.
“Tem sido um trabalho magnífico porque os profissionais de Medicina e muitos advogados filiados à OAB têm participado e dado sua contribuição”, afirmou o presidente do Conselho Regional de Educação Física de Santa Catarina, Marino Tessari, que acompanhou Jorge Steinhilber na visita a Busato.
Veja, na integra, o entendimento do presidente do Conselho Federal de Educação Física quanto aos temas debatidos hoje:
Parceria com a OAB
“A OAB é um exemplo para todos os Conselhos e entidades que fiscalizam o exercício profissional pelo trabalho social e de construção de cidadania que ela desenvolve, principalmente na defesa dos interesses da sociedade. Esse é o viés do nosso Conselho. É um Conselho que vem se constituindo como um órgão de defesa da sociedade para fazer valer seu direito de ser atendida com qualidade e segurança. Essa seria uma parceria fundamental com a OAB. Trouxemos para o presidente Busato uma proposta de elaborarmos, em parceria, cartazes que transmitam a seguinte idéia: ‘exerça sua cidadania. Procure profissionais habilitados’, trazendo as chancelas das duas entidades para conscientizar a comunidade quanto à importância de procurar, sempre, um profissional formado, registrado. Da mesma maneira que a pessoa procura sempre um médico formado, um advogado com registro na OAB, que ela também passe a se responsabilizar consigo própria e procure um profissional que tenha sede na entidade e esteja habilitado a oferecer um serviço com segurança.
Substâncias anabolizantes
“Queremos também buscar a OAB como parceira para sanar essa violência no tocante ao uso de substâncias anabolizantes. Pessoas estão sendo vítimas da oferta dessa substância por professores não qualificados e que não têm responsabilidade ética para tanto. Doravante, há a necessidade das pessoas que ministram esse tipo de atividade sejam não só formadas, mas também habilitadas pelo Conselho Federal de Educação Física. Com isso, em caso de um eventual problema futuro envolvendo aquele profissional, o Conselho pode vir a instalar algum procedimento ético-administrativo. Queremos parceria, integração, aproximação com a OAB”.
Formação profissional
“Estamos batendo forte e com muita intensidade na questão das diretrizes curriculares para o estudante de Educação Física. Queremos efetivamente que essa questão seja levada muito a sério, e eu penso que a OAB também tem se preocupado com a questão da qualidade dos cursos. Queremos que seja submetida ao Confef não só a possibilidade de avaliação dos cursos, mas, principalmente, que sejamos consultados quanto à abertura de novos cursos. A OAB tem feito isso com muito empenho. É um absurdo, na nossa opinião, termos 430 cursos de Educação Física no Brasil, sendo que alguns são meros supermercados de diplomas. Isso complica o trabalho do bom profissional porque a Educação Física, a prática desportiva é uma questão de saúde, de integridade, de cidadania”.
Ministério dos Esportes
“Nós entendemos que o Ministério dos Esportes deve efetivamente existir, mas ele deve ter uma atuação política intensa no sentido de incentivar a prática desportiva. Desvinculá-lo um pouco desse procedimento de medalhas, da organização de jogos, de campeonatos, competições porque eu penso que a iniciativa privada pode muito bem tomar conta disso. Até porque o atleta que é medalhista é, normalmente, patrocinado. O Ministério deve ter uma política pública voltada não só para a questão da Justiça Social, mas para fomentar efetivamente o esporte como uma questão de saúde, de desenvolvimento no País inteiro. Penso que existem projetos neste sentido e nós estamos buscando sermos parceiros do governo no sentido de darmos este norte ao Ministério dos Esportes. O exercício físico é uma questão de saúde, de cidadania, é uma questão de necessidade para a sociedade. É preciso desenvolver um trabalho para que o Ministério dos Esportes seja tão importante quanto o Ministério da Educação e o da Saúde são hoje”.