Ophir lamenta morte de Maurício Corrêa e lembra história de resistência
Brasília, 17/02/2012 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, recebeu, com pesar, a notícia da morte do advogado Maurício Corrêa, ministro aposentado, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, ex-senador, ex-ministro da Justiça e ex-presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal, ocorrida nesta sexta-feira (17) em Brasília.
Como presidente da OAB-DF na época do regime militar - lembrou Ophir - Maurício Corrêa deixou sua marca na história da entidade, com corajosa atuação em diversas passagens, quando ainda eram poucas as vozes que se podiam ouvir para defender a democracia.
"Nas lutas de ontem e de hoje, as qualidades do ministro Mauricio Corrêa sempre se destacaram pelo esforço de consolidação do arcabouço da cidadania, seja na trincheira da advocacia, seja na elevada tribuna do Senado, seja como ministro da Justiça na busca de uma reforma legislativa adequada e necessária nos diversos setores da vida brasileira", afirmou Ophir. "Nas batalhas nas quais se engajou, ele sempre se posicionou pela defesa intransigente do primado da Ordem e da Justiça, do Direito e da Lei".
Como está em viagem, Ophir designou o presidente da OAB-DF, Francisco Caputo, para representá-lo e ao Conselho Federal nos funerais. "Maurício Corrêa foi um marco da resistência democrática", acrescentou Ophir Cavalcante ao lembrar o episódio, em 1983, quando a OAB-DF foi cercada por agentes da polícia por ordem do executor das medidas de emergência decretadas pela ditadura militar, general Newton Cruz. Motivo: a OAB-DF teria desrespeitado portaria do Ministério do Exército que proibia temporariamente reuniões políticas, no caso o I Encontro dos Advogados de Brasília.
Enquanto se preparava o cerco, Corrêa convocou a imprensa para denunciar a invasão. Durante a entrevista, o delegado João Alvares Bimbato, da 2ª Delegacia de Polícia do DF, chegou com a ordem para interditar a entidade. Dirigentes, associados e empregados da OAB-DF, além dos jornalistas, ficaram retidos no prédio por quase uma hora, por determinação da Polícia. Maurício Corrêa se recusou a assinar o documento e em resposta disse que nem na época da ditadura de Getúlio Vargas haviam sido adotadas medidas parecidas e que o ultraje atingia a todos os advogados do Brasil.
Os advogados desceram pelas escadas os quatro andares do prédio e, no térreo, de braços dados, foram até o mastro onde estavam hasteadas as bandeiras do Brasil e da OAB e cantaram o hino nacional. Com a repercussão negativa do ato na imprensa nacional, o general Newton Cruz admitiu que houve "excesso de zelo" das autoridades e o prédio foi liberado.