Artigo: Um marco para a advocacia brasileira
Natal (RN), 15/11/2008 -O artigo "Um marco para a advocacia brasileira" é de autoria do presidente da OAB do Rio de Janeiro, Wadih Damous:
"Estão de parabéns os presidentes Cezar Britto, do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, e Paulo Eduardo Pinheiro Teixeira, da Seccional do Rio Grande do Sul. Esta XX Conferência Nacional de Advogados foi a maior e, já se pode afirmar, a melhor realizada até hoje pela nossa OAB.
O número recorde de inscritos - que ultrapassaram os sete mil advogados e estagiários, de Norte e Sul do País - por si só já seria merecedor de registro e demonstração da capacidade de trabalho dos organizadores do encontro.
A importância dos temas em debate, a qualidade das intervenções e a representatividade dos participantes são, também, demonstração da capacidade política de nossos dirigentes. Além, claro, de deixarem patente o enorme prestígio institucional que tem a Ordem.
São tão diversificadas as questões tratadas em nosso encontro que pareceria impossível destacar uma delas: a defesa das garantias individuais de cada cidadão e das prerrogativas profissionais dos advogados; a função social do advogado; o aprofundamento da democracia e a defesa intransigente do Estado de Direito; a necessidade de se avançar na garantia de direitos sociais para todos os brasileiros - tudo isso, e muito mais, foi tratado em profundidade na Conferência.
Mas, ao que tudo indica, a reiteração da necessidade de um ajuste de contas com a História - condição indispensável para uma nação construir com segurança o futuro - será a maior marca deste encontro.
Equivoca-se quem imagina tratar-se de revanchismo a insistência nesse resgate histórico. Tampouco significa que se está olhando para trás. Ao contrário. É o porvir que está em jogo quando se discute o que fazer com os torturadores ou com os arquivos da repressão política.
O futuro da democracia e dos direitos humanos está indissoluvelmente ligado ao tratamento dado àqueles que os atropelaram.
Equivocam-se os que, na busca de uma democracia estável, sugerem ser melhor esconder sob o tapete episódios vergonhosos de nossa história recente. Só a exposição pública dessas mazelas será capaz de criar anticorpos na sociedade para evitar sua repetição e, assim, pavimentar um futuro de paz e de concórdia.
Assim, é justamente por olhar para a frente que defendemos a completa abertura dos arquivos da repressão política e a identificação dos torturadores e de seus crimes.
Um novo Brasil exige a ruptura radical com as práticas da ditadura militar. E isso só será possível quando todo o País tiver pleno domínio sobre sua História."