Editorial: A faca afiada das universidades
Rio Branco (AC), 01/02/2008 - O editorial "A faca afiada das universidades" foi publicado na edição de hoje (01)do jornal O Rio Branco, no Acre:
"Pelo menos uma das faculdades particulares instaladas em Rio Branco funciona com uma adaga afiada atrás da mesa de seu Heitor. Esses dias, alguns alunos tiveram a jugular bem perto desse gume, quando essa escola superior determinou que não faria a matrícula de quem tivesse com a mensalidade atrasada. Pior: ameaçou veladamente a todos desse grupo inadimplente com uma quase certa cobrança judicial. Os alunos, coitados, ansiosos para terminarem seus cursos, se submeteram à pressão. Ou terão que correr até hoje para resolverem suas pendências sob pena de ficarem de fora do ano letivo que se inicia.
O exemplo acima é acabado para quem faz uma crítica ácida a esse sistema de ensino, que deixa transparecer sua sede financeira, colocando-a bem acima dos interesses educacionais. Talvez por isso mesmo mais da metade dos advogados “supostamente” formados nessas universidades não conseguem passar no exame exigido pela OAB - Ordem dos Advogados do Brasil. E bastaria este exemplo para caracterizar a má formação acadêmica que essas escolas estão transferindo aos seus alunos.
Nada justifica que um determinado profissional formado numa universidade pública ou mesmo numa faculdade particular, já que esta careceu de uma autorização prévia do Ministério da Educação, tenha que pôr seu diploma à prova. O mesmo deverá ocorrer quando os outros conselhos (medicina, odontologia, engenharia, contabilidade, etc.) passarem a exigir que os diplomados nestas áreas também sejam submetidos aos respectivos testes, até porque, em isto não acontecendo - e não tardará - corremos o risco de ver crescer as legiões de doutores quase analfabetos disputando o mercado de trabalho com os quase analfabetos que não doutores. Por isso mesmo é provável que menos obstinação pelo dinheiro dos alunos e mais preocupação com a qualidade do ensino seria a alternativa correta.