Afro-descendentes denunciam polícia de Choque à OAB-SE
Aracaju, 17/09/2007 - Representantes de entidades afro-descendentes denunciaram ao presidente da Seccional de Sergipe da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SE), Henri Clay Andrade, que os negros da comunidade Maloca, situada no bairro Getúlio Vargas e adjacências, estão sofrendo discriminação racial, perseguição religiosa e abusos por parte de policiais, especialmente da Companhia de Choque da Polícia Militar.
De acordo com os relatos, o clima entre os integrantes da comunidade negra na capital é de terror. O fundador da instituição, Luiz Bonfim, ameaça abandonar o movimento em defesa dos direitos humanos e o trabalho que realiza há cerca de 25 anos na comunidade por estar preocupado com as perseguições que vem sofrendo. "Até no Ministério Público policiais me confundiram com bandido, só porque sou negro", revelou. "Aqui os adolescentes inocentes são presos e algemados, atitudes que têm nos assustado bastante", complementou.
O presidente da OAB-SE ouviu atentamente as reclamações e denúncias e colocou a estrutura da Ordem à disposição de toda a comunidade para buscar alternativas que possam traduzir políticas de combate à discriminação e ao racismo. "Precisamos nos aliançar para combater e romper essa estrutura perversa, que é histórica", enfatizou o presidente da OAB-SE.
Preocupado com as denúncias, Henri Clay Andrade propôs uma parceria de resistência, com a criação de um Comitê Permanente de Combate ao Abuso e à Discriminação para formalizar denúncias e buscar meios que tranqüilizem essas comunidades. Paralelamente, a OAB-SE buscará entendimentos com o governo do Estado para promover cursos de relações humanas, tendo em seu conteúdo a história da população negra. "Por sua tradição histórica, a OAB tem vontade de contribuir com esse movimento e precisamos combater esses abusos de forma coletiva, com criatividade e inteligência", ressaltou.