Morre o advogado Paulo Afonso, ex-ministro do TCU

terça-feira, 21 de junho de 2005 às 04:25

Brasília, 21/06/2005 - Morreu hoje (21), em São Paulo, o advogado e ex-ministro do Tribunal de Contas da União, Paulo Afonso Martins de Oliveira, de 77 anos. Ele estava internado desde abril no Hospital Sírio Libanês, onde morreu. Paulo Afonso atuou durante a gestão do presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Reginaldo Oscar de Castro, como membro da Comissão de Ética na Política da entidade.

Paulo Afonso Martins de Oliveira, assessorou 11 presidentes da Câmara dos Deputados, atuando como secretário-geral da Mesa Diretora, entre 1965 e 1988. Paulo Afonso se aposentou no finalda Constituinte de 88, depois de assessorar Ulysses Guimarães.

Personagem de períodos conturbados da história política brasileira, do regime militar (1964 a 1985) à abertura política, Paulo Afonso se dedicava ultimamente à revisão do livro em que prometeu contar aquilo que testemunhou nos bastidores doLegislativo, escrito em parceria com o jornalista Tarcisio Holanda.

"Os deputados não votam mais. Quem vota (hoje) é o líder. Eles não sabem nem o que estão votando. Se, ao terminar uma sessão, você perguntar o que se votou, eles não sabem", disse, em uma de suas últimas entrevistas ao jornalista TarcísioNascimento, do "Congresso em Foco".

Na entrevista, ele se mostra saudoso de personagens políticos como Tancredo Neves e Ulysses Guimarães, ao qual, aliás, dedicou os maiores elogios, e lamentou a decadência intelectual dos parlamentares.

"Um deputado é a representação ética e moral do povo brasileiro. Então, se o nível do povo cai, se o analfabetismo continua, senão há princípios éticos, tudo isso vai se refletir no Congresso", avalia.

Paulo Afonso descobriu a política aos 18 anos, ainda no Rio de Janeiro, quando foi convidado a trabalhar como datilógrafo da Constituinte. Com a transferência da capital para Brasília, em 1960, assumiu a secretaria da Comissão do Distrito Federal. Cinco anos depois, assumiria a Secretaria-Geral da Mesa, onde permaneceu até a promulgação da Constituição de 1988. Nesse período, assessorou 11 presidentes na Câmara. De lá saiu direto para o Tribunal de Contas da União (TCU), já na condição de ministro.