OAB homenageará em junho Centenário da Imigração Japonesa
Brasília, 23/04/2008 - O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil prestará homenagem ao Centenário da Imigração Japonesa no Brasil em sua sessão plenária de 09 de junho próximo, informou hoje (23) o presidente nacional da OAB, Cezar Britto. A proposta da homenagem, acolhida à unanimidade pela entidade, é de autoria do conselheiro federal pelo Mato Grosso do Sul Lúcio Flávio Sunokozawa. Ela terá um desdobramento especial na XX Conferência Nacional dos Advogados, que será realizada em novembro, em Natal, da qual participarão milhares de advogados, estudantes e autoridades nikkeis de todo o Brasil. O temário da conferência é coordenado pelo vice-presidente nacional da OAB, Vladimir Rossi Lourenço.
Cezar Britto anunciou que durante a sessão de 09 de junho diversos advogados e representantes nikkeis farão palestras sobre o centenário. No mesmo dia, às 19h, o tributarista Kiyoshi Harada, acompanhado de outros autores, estará lançando e autografando o livro "O Nikkei no Brasil", pela editora Atlas, no Centro Cultural Evandro Lins e Silva, do Conselho Federal da OAB. SegundoKiyoshi Harada, primeiro procurador nikkei do Brasil, em sua recente pesquisa sobre o processo de evolução e integração dos japoneses no Brasil, existem cerca de 4.500 bacharéis nikkeis em Direito.
Ao propor à entidade a homenagem, o conselheiro federal Lúcio Flávio destacou que este ano faz cem anos que desembarcaram no porto de Santos (SP), a primeira leva de 781 japoneses: em 18 de junho de 1.908, vindos da cidade de Kobe, Japão, eles chegaram em busca de trabalho e com muita esperança em um futuro melhor de seus familiares. A pesquisa do jurista Kiyoshi Harada assinala que muitos desembarcaram no Brasil trazendo famílias de trabalhadores para, inicialmente, substituir os escravos nos cafezais, diante da abolição da escravatura, que mesmo com muitas dificuldades pela distância, língua e novos costumes na nova pátria, por outro lado, o poder de adaptação e persistência dessa gente desenvolveu-se muito rápido. Atualmente, seus descendentes (nikkeis) estão espalhados por todo o Brasil, sendo o maior numero deles concentrados no Estado de São Paulo, depois Paraná e Mato Grosso do Sul e estão totalmente integrados na vida econômica, social, cultural e política brasileira.
Em todas as áreas da vida pública e privada nacional, os nikkeis estão presentes e na área jurídica não é diferente - observa a pesquisa de Harada. O primeiro juiz de direito foi o professor Kazuo Watanabe (mestre e doutor pela USP), em 1962, que chegou ao cargo de desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo. Depois, vieram os desembargadores Nelson Hanada, Paulo Sunao Shintate, Roque Komatsu, Jô Tatsumi, Kiotsi Chicuta, Paulo Hatanaka, Yochiaki Ichihara, Massami Uyeda, sendo este ultimo ministro atual do Superior Tribunal de Justiça.
O primeiro desembargador presidente nikkei de um tribunal brasileiro foi o desembargador Higa Nabukatsu (TJMS). Igualmente, o primeiro a ser guindado ao cargo de ministro do Tribunal Superior do Trabalho é o dr. Fernando Eizo Ono (2007). No Tribunal Regional Federal da 3ª Região, constam dois desembargadores federais nikkeis, Luis Carlos Hiroki Muta e Consuelo Yatsuda Moromizato Yoshida. A esses pioneiros nikkeis somam-se diversos advogados, estagiários, estudantes de direito, juízes de direito, juízes federais, promotores de justiça, delegados de policia, diplomatas, professores de direito, juristas, procuradores federais, estaduais e municipais nos mais variados pontos do Brasil.
Na advocacia brasileira, os primeiros causídicos nikkeis foram Kenro Shimamoto e Masao Kinoshita. No âmbito da Ordem dos Advogados do Brasil, o primeiro conselheiro de seccional foi Ciro Kusano (OAB/SP) e o primeiro conselheiro federal, Lúcio Flávio Joichi Sunakozawa (MS), que foi empossado na atual gestão - 2007/2010 - presidida por Cezar Britto.