Entre 4 e 8 de agosto de 1986 realizou-se, em Belém, a XI Conferência Nacional da OAB, sob a presidência de Hermann Assis Baeta. O tema principal da reunião foi a "Constituição", já que era antiga a preocupação da Ordem com o processo de organização da Assembléia Nacional Constituinte.

O receio dos membros da Ordem, que temiam a não realização da Assembléia, era justificada pela deformação do processo constituinte através do adiamento da convocação e, por conseguinte, na impossibilidade de revogação dos dispositivos legais autoritários. Isso fez com que o presidente da OAB se empenhasse em transferir a sede do Conselho Federal para Brasília, a fim de acompanhar de perto o processo de convocação da Assembléia Constituinte. Foi montado, então, um escritório que desempenhou a função exclusiva de acompanhamento da Assembléia. Finalmente, em 15 de setembro de 1996, a sede da Ordem foi transferida, funcionando inicialmente na sede da OAB/DF.
A necessidade de se apresentar uma Carta Constitucional autenticamente democrática foi explicitada nas diversas teses defendidas pelos conferencistas. Os direitos humanos, a função social da propriedade, a reforma agrária, a universalização do ensino público e a democratização da Justiça e do espaço urbano foram alguns dos temas explorados.

Segundo a "Declaração de Belém", malgrado todas as investidas dos interesses poderosos comprometidos com a ordem de privilégios existente, os advogados confiavam que o povo brasileiro saberia encontrar reservas de discernimento e sabedoria para firmar, no novo texto constitucional, os anseios, aspirações e esperanças dos despossuídos, como condição e objetivo de uma nova ordem social, libertada de toda a sorte de exclusivismos, e de todas as formas de opressão.

No âmbito sócio-econômico, foram destacadas reivindicações como a estabilidade de emprego compatibilizada com o Fundo de Garantia, a autonomia da organização sindical, o livre exercício do direito de greve, a garantia de salário mínimo capaz de suprir as necessidades básicas do cidadão e o alargamento do seguro-desemprego.

No campo político, a Declaração ressaltou a necessidade urgente de se promover a descentralização e desconcentração do poder, através do revigoramento do Federalismo, viabilizando-se a compatibilização das autonomias locais com as necessidades do planejamento nacional. O objetivo dos conferencistas era combater diretamente a hipertrofia do Poder Executivo, característica básica de um Estado conservador e autoritário, que dificultava a agilidade das políticas governamentais e sua relação com as necessidades do cidadão.

O empenho dos advogados na defesa de criação de mecanismos judiciais revolucionários, como o mandado de segurança coletivo, o habeas data, o mandado de injunção e a garantia de inviolabilidade do advogado no exercício da profissão e sua indispensabilidade para a administração da Justiça, foram pontos de destaque da Conferência.