'NYT': governo Lula é 'tímido' ao investigar torturas

sexta-feira, 16 de março de 2007 às 09:55

Brasília, 16/03/2007- Uma reportagem do diário New York Times afirma hoje (16) que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou "timidez" na questão dos direitos humanos ao evitar investigar torturas cometidas durante o regime militar, entre 1964 e 1985.
A matéria é motivada pelo primeiro processo a um oficial do regime - o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o DOI-CODI de São Paulo entre 1970 e 1974.

Para o correspondente do jornal, o exemplo para que grupos de direitos humanos conseguissem levar o hoje militar reformado à Justiça tem vindo de fora.

"Frustrados pela timidez de seu próprio governo, mas encorajados por recentes decisões judiciais na Argentina e no Chile", eles estão tentando reverter a Lei da Anistia, que em 1979 perdoou o que chamou de "crimes políticos" cometidos durante o regime, afirmou a matéria.

Uma das famílias de vítima de tortura disse ao jornal que o objetivo do processo não levar o coronel Ustra à prisão, e sim estabelecer, judicialmente, o reconhecimento de que "a tortura não era isolada, e sim institucionalizada" durante o regime.

Dois meses e meio após tomar posse, a formação completa do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva permanece uma "incógnita", afirma matéria do diário espanhol El País, nesta sexta-feira.

Ainda há dúvidas sobre o perfil de quem ocupará pelo menos sete das 34 pastas a serem anunciadas pelo presidente - que, nas palavras do jornal, "gosta de despistar a imprensa".

Na imprensa estrangeira, circula a informação de que a demora de Lula em definir seu gabinete se deve à disputa de Lula com o seu próprio partido. O argentino Página 12 diz que Lula precisou de tempo para convencer o PT a abrir mão de cargos em favor do PMDB, que tem a maior bancada do Congresso.

Mas, para o diário, "apesar da maior presença do PMDB e dos partidos da base aliada os pesos pesados seguirão sendo os mesmos em Brasília".

A matéria cita que Dilma Roussef, Guido Mantega e Henrique Meirelles continuarão, respectivamente, à frente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Ministério da Fazenda e do Banco Central.