OAB: Congresso assa pizza no vulcão se não punir corruptos
Brasília, 30/08/2005 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato, recorreu hoje (30) a uma observação do deputado Ulysses Guimarães de que “não se faz piquenique em boca de vulcão”, para condenar duramente as manobras em curso no Congresso Nacional visando a transformar em pizza as investigações sobre corrupção envolvendo os poderes Legislativo e Executivo, o que equivaleria a não punir ou abrandar as punições dos culpados. “Querem assar a pizza no vulcão, o que seria trágico, pois provocaria uma erupção institucional de proporções perigosas”, advertiu Busato, sustentando que “o que está em jogo não é apenas a sorte dos corruptos, mas a imagem das instituições políticas”.
Busato criticou aqueles que querem manter o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “sangrando” para que chegue fraco às próximas eleições e cobrou novamente do presidente da República uma postura incisiva diante da crise. “A sociedade brasileira continua na expectativa de uma palavra efetiva e convincente do presidente da República, cuja atitude escapista realimenta a crise”, afirmou o presidente da OAB.
A seguir, a íntegra da declaração do presidente nacional da OAB, diante do temor da sociedade de que as investigações sobre corrupção no Congresso terminem em pizza:
"Não se faz piquenique em boca de vulcão - já advertia um dos maiores símbolos do Legislativo brasileiro, o saudoso Ulysses Guimarães. E é esse o receio da sociedade civil brasileira diante do noticiário de que está em curso um grande acordo para esvaziar a crise. Querem assar a pizza no vulcão, o que seria trágico, pois provocaria uma erupção institucional de proporções perigosas.
O que está em jogo não é apenas a sorte dos corruptos, mas a própria imagem das instituições políticas. Tão indecente quanto a roubalheira perpetrada é a tentativa de minimizá-la. Tão grave quanto a sangria moral já exposta é a tentativa de manipulá-la politicamente.
A idéia de manter o Presidente da República “sangrando” para que chegue fraco às próximas eleições é inqualificável. Se o Presidente delinqüiu, deve responder por seus atos, nos termos da lei. Se é inocente, deve ser preservado. O inaceitável é que seja condenado e, simultaneamente, preservado em face de interesses eleitoreiros. Isso é ainda mais grave que a pizza. É piquenique na boca do vulcão.
A sociedade brasileira continua na expectativa de uma palavra efetiva e convincente do Presidente da República, cuja atitude escapista realimenta a crise. O Presidente Lula se diz traído e não diz por quem ou por quê. Traição ao Presidente da República não é questão de foro privado – é questão institucional. Quem trai o supremo mandatário do País trai o País. E o mínimo que se pode exigir é que a sociedade saiba os nomes dos que a estão traindo."