Funcionários do IBGE protestam contra controle de pesquisas

Rio de Janeiro (RJ), 03/02/2005 - O Sindicato dos Trabalhadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) quer fazer um movimento em todo o Brasil em protesto contra a decisão do governo de obrigar o IBGE a apresentar ao governo as pesquisas estruturais, como a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio, 48 horas antes da divulgação oficial. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foi a primeira entidade a condenar a decisão, baixada por portaria do Ministério do Planejamento.

O presidente nacional da OAB, Roberto Busato, ao tomar conhecimento da medida na ocasião, afirmou em entrevista que o IBGE é um instituto de pesquisa e não de propaganda do governo. “A manipulação dos números - acrescentou ele - é própria de regimes autoritários e serve apenas para tripudiar a transparência que governos democráticos devem ter”. Depois de esperar que próprio governo revogasse a portaria, o que não ocorreu, a OAB passou a estudar a possibilidade de ingressar com ação judicial contra ela.

Para a representante do sindicato dos funcionários do IBGE, Susana Drumond, a portaria do governo pode comprometer a credibilidade das pesquisas. Depois do carnaval, ela vai se reunir com representantes da sociedade civil, como Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Associação Brasileira de Imprensa (ABI), para definir estratégia de atuação.

Os funcionários do instituto, contrariados com a exigência do Ministério do Planejamento de ser o primeiro a conhecer os resultados das pesquisas, prometem barulho. Eles querem discutir e entender melhor a portaria do ministério que estabelece a antecedência da divulgação ao governo. “Então, hoje, o que eu acho fundamental é a sociedade cobrar isso do governo” - afirmou Susana, segundo informação do Globo Online.