Busato e Prêmio Nobel discutem dívida externa brasileira
Brasília, 01/02/2005 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, se encontrará às 10h de amanhã (02) com o argentino Adolfo Perez Esquivel, prêmio Nobel da Paz no ano de 1980 e um dos maiores ativistas do mundo em matéria de direitos humanos. Esquivel solicitou o encontro com Busato para discutir a reivindicação já feita pela OAB ao Supremo Tribunal Federal, para que seja feita uma radiografia fiel da dívida externa brasileira. O encontro será realizado na sede da Seccional da OAB do Paraná.
Esquivel pediu que o encontro fosse agendado para discutir, sobretudo, os termos e objetivo da ação ajuizada no Supremo Tribunal Federal em dezembro último pela OAB (ADPF n° 59), na qual a entidade propõe que o Congresso seja obrigado a cumprir o artigo 26 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Esse dispositivo determina que o Congresso Nacional “promova e ultime, através de comissão mista, exame analítico e pericial integral, sob todos os aspectos, de todos os atos e fatos geradores do endividamento externo brasileiro”.
Esquivel recebeu o Nobel da Paz em 1980 em razão de sua luta em favor dos direitos humanos na Argentina. O reconhecimento internacional veio quando ele ainda vivia sob liberdade vigiada, depois de passar mais de um ano preso por ocasião da ditadura argentina, entre 1977 e 1978. Posteriormente, Esquivel atuou junto à Central de Trabalhadores Argentinos (CTA) na organização do plebiscito da Frente Nacional contra a Fome e a Pobreza - referendado por 15% do eleitorado argentino. Também foi presença constante nos movimentos sociais que contestaram a ditadura militar (1976-1982), ao lado das organizações das Mães da Praça de Maio e dos Familiares de Desaparecidos, entre outras entidades.
Hoje, além de lecionar Direitos Humanos na Universidade de Buenos Aires, Adolfo Perez Esquivel é diretor do Serviço de Paz e Justiça (Serpaj), que existe desde 1950 na Argentina e em alguns países sul-americanos. Juntamente com outras organizações do movimento social, o Serpaj se fez presente nos “panelaços” argentinos e nas massivas manifestações que culminaram na renúncia do ex-presidente De la Rúa.
Em janeiro último, Esquivel esteve em Porto Alegre (RS), onde proferiu palestra no V Fórum Social Mundial. Na ocasião, ele criticou ferozmente os conflitos sociais na África e no Oriente Médio e citou como o mais grave de todos a guerra no Iraque, provocada pelos Estados Unidos.