Frente em Defesa do "Velho Chico" quer mobilizar sociedade

sexta-feira, 14 de janeiro de 2005 às 08:00

Brasília, 14/01/2005 - O presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Sergipe, Henri Clay Andrade, anunciou hoje (14) que a entidade está organizando uma grande passeata popular para declarar a indignação dos sergipanos com a proposta do governo Lula, de fazer a transposição do rio São Francisco sem que haja, antes, a sua revitalização. A manifestação vai contar com a presença dos integrantes da Frente Nacional em Defesa do Rio São Francisco, parlamentares, Igreja, de 35 sindicatos filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), grêmios estudantis e do Conselho Regional de Engenharia.

A previsão da Frente Nacional, liderada pela OAB-SE, é fazer a mobilização no dia 31 de janeiro. Esta é a data para a qual está prevista a realização de audiência do Ministério da Integração Regional com o intuito de aprovar o início das obras da transposição. Além de prever a passeata para o mesmo dia da audiência - prevista para acontecer na sede da Escola Técnica Federal de Sergipe, em Aracaju -, a OAB-SE também decidiu contestar judicialmente a realização dessa reunião.

O apelo pela mobilização popular não pára aí. A OAB sergipana e os membros da Frente Nacional também querem agendar com os presidentes das Casas Legislativas uma sessão oficial especial na Assembléia Legislativa de Sergipe com tribuna aberta aos cidadãos. “O objetivo é mostrar que o município, o Estado e o povo sergipano estão contra a transposição do Velho Chico através de suas Câmaras Legislativas, que são as representantes do povo”, afirmou Henri Clay Andrade. “Queremos mobilizar a sociedade e mostrar que nossa indignação tem o respaldo popular”.

O movimento será repetido na Câmara Municipal de Aracaju e nas Câmaras de outros 27 municípios que integram a Bacia do São Francisco. A OAB quer agendar essas sessões especiais nas Casas Legislativas também para o dia 31. “A idéia é fazermos a passeata em Aracaju, culminando com a sessão na Assembléia“.

A OAB de Sergipe vai tentar, ainda, agendar um debate sobre a transposição na Câmara dos Deputados, em Brasília, para atrair repercussão nacional para a matéria. “Nosso objetivo é sensibilizar a sociedade para perceber que a transposição do rio São Francisco é uma causa nacional, não é localizada, não é pontual”, afirmou Henri Clay. “Já estamos conscientizando as pessoas de que a transposição sem que haja, antes, a sua revitalização, vai causar inexoravelmente a morte, o perecimento do rio”.

A Frente Nacional engloba, além da OAB e do Ministério Público, membros da Igreja; da CUT; representantes de governos estaduais; prefeitos municipais; parlamentares estaduais e federais; sindicatos de classe; estudantes e entidades representativas dos Estados de Sergipe, Alagoas, Bahia e Minas Gerais. Todos se contrapõem às ações deflagradas pelo governo federal com a meta de aprovar, ainda neste semestre, o projeto de transposição das águas do rio.

Segundo Henri Clay, há estudos científicos que comprovam que a transposição sem a devida revitalização trará graves prejuízos ao “Velho Chico”. Esses estudos técnicos apontam para um danoso impacto ambiental nas regiões em que o São Francisco passa e o perecimento do rio. “Também haveria grandes problemas de ordem social porque as populações que sobrevivem do São Francisco passariam a viver em absoluta miséria com o perecimento do rio”, explicou ele. Ainda segundo o presidente da OAB-SE, hoje, 75% da água que o aracajuano bebe provém do São Francisco, abastecimento que ficaria comprometido com os impactos ao rio.