OAB participa hoje da eleição geral em Moçambique

quarta-feira, 01 de dezembro de 2004 às 08:00

Moçambique, 01/12/2004 - O vice-presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Aristoteles Atheniense, irá participar hoje (01) e amanhã (02), em Moçambique, da terceira eleição geral naquele país africano de lingua portuguesa. Por meio do voto popular não-obrigatório, serão escolhidos o presidente da república e os parlamentares nacionais que irão compor a Assembléia da República. Desde 1992, quando foi assinado, em Roma, o Acordo Geral de Paz, pondo um fim aos 17 anos de guerra civil, o país é governado pelo presidente Joaquim Chissano, líder da Frente para Libertação de Moçambique - a famosa Frelimo.

A novidade desse pleito eleitoral é que agora há vários partidos políticos, oriundos das mais diversas correntes políticas e ideológicas - dos nanicos como o Partido Ecologista(PE) aos mais estabelecidos como a União Democrática - uma coligação que na primeira legislatura conseguiu 9 assentos no Parlamento. Mas a maior disputa política ainda se mantém em torno da Frelimo e da Renamo União Eleitoral (Resistência Nacional de Moçambique). De um lado, Armando Emílio Guebuza (candidato de Chissano) e, do outro, o conhecido Afonso Dlakama, que apesar de nunca ter chegado ao poder, está sempre presente no cenário político e ainda é a principal voz oposicionista.

Eleição em Moçambique é com muita dança, música, rituais populares e muitos discursos em cima de carros, palcos improvisados ou simplesmente no chão de barro (como dizem os moçambicanos no "terreno" dos distritos mais recôndidos do país e de acesso muito difícil). Muitas vezes, as falas dos políticos são traduzidas simultaneamente para as línguas locais como o Shangana, o Chuabo, o Ronga, Sena, Macua e muitas outras.

Moçambique é um país com 18 milhões de habitantes e uma diversidade e riqueza cultural e linguística impressionante. São 19 línguas ao todo, além do português que se diz ser a língua da unidade nacional. Quem passa pela escola, aprende a língua de Camões. Mas a escola só é uma realidade para cerca de 60% das crianças, apesar do esforço de inclusão escolar dos últimos anos. O mais dramático é que apenas 1/3 desses meninos e meninas conseguem completar o ciclo básico de ensino. Deste, apenas 20% chegam ao ensino secundário.

Moçambique ainda é um dos países mais pobres do mundo (o sétimo do triste ranking da pobreza global). E a pobreza tem cara, nome e endereço. Ela mora nos quatro cantos do país e tem a perversidade da fome, das doenças e da desesperança. As crianças são o alvo mais fácil dessa pobreza. A malária é a principal causa de morte na infância (35%), seguida por infecções respiratórias agudas e doenças perfeitamente evitáveis como a diarréia e o sarampo. A cada mil crianças nascidas vivas, 178 morrem antes de completar um ano. Outra questão urgente na pauta nacional é o HIV/Aids, cuja taxa de prevalência nacional é de 14.9% da população, ou seja, cerca de 1,5 milhão de moçambicanos estão infectados pelo vírus ou já desenvolveram a doença.

O novo presidente terá que trabalhar muito para por em prática as metas traçadas pelo Parpa (Plano de Ação para a Redução da Pobreza Absoluta), aprovado em 2001. Uma dessas metas é aumentar o PIB, desenvolvendo a agricultura e a indústria nacional (especialmente a de alumínio e o processamento da castanha de caju) e diminuindo a ajuda financeira internacional. A cooperação está por todos os lados. E o mundo parece atento aos movimentos dos próximos dias na terra de Samora Machel.