OAB critica voto com vício eleitoral por ação de marqueteiros
Brasília, 22/09/2004 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato, criticou hoje (22), durante entrevista, a ação freqüente e cada vez mais incisiva de marqueteiros eleitorais nas campanhas políticas. Ele frisou que a ação perigosa por parte de alguns desses profissionais acaba por culminar no “voto com vício eleitoral”, aquele que é fruto exclusivo da ação do marqueteiro. “Se continuarmos desse jeito, será melhor deixarmos de lado o intermediário e vamos logo eleger o marqueteiro porque é ele quem acaba conduzindo toda a mensagem e o viés da campanha e trabalha para montar o candidato ideal”, criticou Busato.
Segue a íntegra da entrevista concedida pelo presidente nacional da OAB à TV Bandeirantes:
P - A OAB lançou juntamente com a CNBB a Campanha de Combate à Corrupção no Brasil. Ela é muito grande no Brasil?
R - Essa campanha mostrou que a OAB tinha razão. Esses últimos fatos que ocorreram no Brasil mostraram que nós temos que bater cada vez mais na importância do exercício da ética na política brasileira. Estamos defendendo há muito tempo que o voto viciado por problemas eleitorais acaba transformando em viciado o mandato eleitoral. Perde a legitimidade aquele que vence as eleições por meio de práticas indevidas ou que são contrárias à legislação eleitoral.
P - Mas o que é o voto com vício eleitoral?
R - O voto com vício eleitoral é aquele que é fruto exclusivo da ação do marqueteiro. Se continuarmos desse jeito, será melhor deixarmos de lado o intermediário e vamos logo eleger o marqueteiro porque é ele quem acaba conduzindo toda a mensagem e o viés da campanha e trabalha para montar o candidato ideal.
P - Esse último fato político envolvendo o Partido dos Trabalhadores e o PTB preocupa?
R - Não me preocupei muito quanto à questão de se o PT cumpriu o acordo, se tinha ou não que repassar dinheiro, enfim, esse jogo partidário de interesse de coligações. Me preocupa muito é quando se fala em divisão de cargos no governo e se deixa exposta uma moralidade duvidosa do poder público. Isso é o que realmente nos preocupa e a OAB vem alertando para estes aspectos há algum tempo. Agora se fala até mesmo em CPI no Congresso para debater o problema.
P - O senhor acredita que o financiamento público das campanhas pode eliminar um dos problemas, que é a distribuição de cargos e de verbas?
R - A OAB entende que sim. Acreditamos que o financiamento público poderia diminuir esta pressão, que é grande. É muito melhor existir um financiamento público aberto, que forneça a noção exata daquilo que o partido pode ou não gastar do que esses compromissos espúrios firmados, de troca de favores e até mesmo de recursos financeiros de um partido para outro.