OAB se oferece para intermediar negociações com PM da Bahia

segunda-feira, 06 de fevereiro de 2012 às 03:20

Brasília, 06/02/2012 - A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se colocou hoje (06) à disposição para intermediar as negociações entre o governo e a Polícia Militar da Bahia e encerrar o movimento grevista que já dura sete dias. "A situação é tensa, de muita intranqüilidade e de conseqüências imprevisíveis", afirmou o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante. "As duas partes precisam entender que é hora de cada um ceder no que for necessário para restaurar a segurança e a ordem na Bahia."


Ainda hoje, em telefonema a Ophir, o presidente da Seccional da OAB baiana, Saul Quadros, fez um relato dramático do clima de preocupação reinante na população diante da falta de segurança nas ruas. Somente na região metropolitana de Salvador já foram registrados 94 assassinatos devido à falta de policiamento. Os números extra-oficiais  fazem referência a mais de 100 crimes violentos. "A situação é grave tanto na capital como no interior", disse Saul, que divulgou nota conclamando o comando da greve e o governo a saírem do impasse. "A sociedade civil não pode mais vivenciar essa situação de insegurança", disse.


Segundo Ophir, a greve dos PMs baianos, às vésperas do carnaval e no momento em que a cidade recebe grande número de turistas, precisa ser encarada pelas autoridades não apenas pelos seus reflexos no comércio e na imagem do País no exterior, mas principalmente como um alerta diante do  quadro geral das condições de trabalho dos policiais. "Precisamos de uma polícia bem aparelhada, bem preparada e em condições de prover uma efetiva segurança aos cidadãos; ao mesmo tempo, devem os policiais atentar para o papel que desempenham como guardiões da ordem pública, não permitindo que um movimento reivindicatório seja motivo para se instaurar o caos. Vidas de pessoas inocentes estão em jogo", afirmou.


De acordo com Ophir, a qualquer momento, caso assim desejem o comando de greve e o governo do Estado, a OAB estará preparada para intermediar as negociações entre as partes.


Neste domingo, conformes notícias da imprensa, mais 300 militares de outros Estados desembarcaram em Salvador para ajudar o governo na manutenção da ordem e segurança à população. A Força Aérea Brasileira (FAB) confirmou o envio de 135 militares do Batalhão de Infantaria Paraquedista e 15 militares de Brasília. Está previsto o transporte de mais 150 homens do Exército baseados em Recife.


A greve teve início na noite de 31 de janeiro, quando cerca de 10 mil PMs, de um contingente de 32 mil homens, aderiram ao movimento. A Justiça baiana concedeu uma liminar decretando a ilegalidade da greve e determinando que a Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), que comanda o movimento, suspenda a greve. Doze mandados de prisão contra líderes grevistas foram expedidos. Cerca de 40 homens do Comando de Operações Táticas, a tropa de elite da Polícia Federal (PF), foram destacados para cumprir as decisões judiciais.


A categoria reivindica a criação de um plano de carreira, pagamento da Unidade Real de Valor (URV), adicionais de periculosidade e insalubridade, gratificação de atividade policial incorporada ao soldo, anistia, revisão do valor do auxílio-alimentação e melhores condições de trabalho, entre outros pontos.