Artigo: Uma nova Alagoas

quinta-feira, 07 de agosto de 2008 às 10:53

Maceió (AL), 07/08/2008 - O artigo "Uma nova Alagoas" é de autoria do presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Alagoas, Omar Coêlho de Mello, e foi publicado na edição de hoje (07) de O Jornal (AL):


"Alagoas era só desenvolvimento, até meados da década de 80, porque seus governantes detinham a simpatia dos comandantes militares e não se tinha problemas sem solução. Naquele período, tudo levava a crer que nada impediria o pleno desenvolvimento da Terra dos Caetés.


Não me esqueço das promessas de que o turismo seria a redenção de Alagoas, como fonte de renda alternativa ao setor sucroalcooleiro, bem como da fantasia ilusionista de que a antiga Salgema, hoje Braskem, seria o início de um grande pólo cloroquímico, depois cloroalcoolquímico. Vivi aquela ilusão e até cheguei a acreditar.


Naquela época, também ouvíamos falar em corrupção e sobre aqueles que levavam vantagens utilizando-se da administração pública. Mário Andreazza, ministro todo-poderoso dos governos revolucionários, homem que fez a Transamazônica e a Ponte Rio-Niteroi, era o símbolo do servidor corrupto. E observem a grandiosidade das obras realizadas sob seu comando. As obras da Construtora Guatama são fichinhas! Enfim, morreu Mario Andreazza pobre-lascado e seu velório foi pago através de uma vaquinha, conforme conta o nosso amigo Suruagy.


A abertura democrática no Brasil foi o maior acontecimento do século passado. E espero que tenha vindo para ficar, apesar das insinuações golpistas de um terceiro mandato para o presidente Lula. Entretanto, a abertura chegou sem que as instituições e o próprio povo estivessem preparados para o exercício pleno da liberdade. E os atos de corrupção que se imaginava passaram a ser praticados descaradamente.


Em 1988, tive a honra de servir ao município de Maceió, na gestão do então prefeito Guilherme Palmeira, no cargo de subprocurador judicial, e lembro-me da perplexidade com que o prefeito ficou ao seu primeiro contato com os integrantes da Câmara de Vereadores. Não esqueço do comentário feito ao então procurador-geral do Município, amigo Clayton Sampaio, mais ou menos nesses termos: Como as coisas mudaram tão rapidamente. Toda a reunião girou em cima de recursos destinados à Câmara. Onde foi parar o interesse público?. Aos 27 anos, motivado pela força da juventude, que apesar dos tempos ainda permanece viva em meu ser, aquilo pareceu uma preocupação bastante procedente. De lá para cá, nada mudou para melhor!


Alagoas é um exemplo vivo dessa anomalia. A geração de políticos que surgiu pós 64, com honrosas exceções, se locupletou do erário. Basta observar o padrão de vida de certos luminares da política caeté. Por mais que se trabalhe decentemente, não se enriquece facilmente. Por aqui, aparecem do nada, puxando uma carrocinha, e com pouquíssimo tempo ocupando cargos ou exercendo mandatos eletivos, começam a angariar fortuna e riqueza. É evidente que há algo de podre no reino das Alagoas, mas o que fazer?


A OAB/AL tem tentado fazer a sua parte e algo mais. E fico imaginando se cada uma das instituições deste Estado agisse no fiel cumprimento de suas atribuições, o quanto este Estado não seria diferente. Quantas escolas não estariam funcionando plenamente, com seus alunos em tempo integral. Quantos hospitais não estariam funcionando, com médicos e enfermeiros laborando nos respectivos turnos de trabalho, com medicamentos e equipamentos! Quantos policiais estariam nas ruas, bem remunerados, e quantos marginalizados de hoje não teriam seus empregos e viveriam longe do crime. Certamente, teríamos um comércio competitivo e indústrias fomentando o desenvolvimento etc.


Não é sonho, nem devaneio, é realidade! Mas teríamos que coibir o desvio de tanto dinheiro pela corrupção, que começa no momento em que você vende seu voto ou permite que corruptos e corruptores sigam nessa prática. Então, faça a sua parte. Denuncie!"