Britto: comparação sobre mentiras durante ditadura foi infeliz

quarta-feira, 07 de maio de 2008 às 05:42

Brasília, 07/05/2008 - Ao ser indagado hoje (07) por jornalistas sobre a associação feita pelo senador Agripino Maia (DEM-RN) durante o depoimento da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de que ela teria mentido para escapar de torturas durante a ditadura militar, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, afirmou que foi uma insinuação infeliz. Para Britto, a condição de presa política e de torturada é completamente diferente da condição de ministra de Estado, quando depõe ou explicita suas razões perante o Congresso. "Na ditadura, a mentira era um direito de resistência inerente a todo cidadão, que não pode ser obrigado a se auto acusar, ainda mais quando ameaçado de tortura ou de morte. No Congresso, em função de exercer cargo público, a verdade é um dever. Por isso a comparação foi tão infeliz", afirmou Britto. Dilma depõe à Comissão de Infra-estrutura do Senado para explicar a origem de um dossiê contendo dados sobre gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.


Britto afirmou que o que não pode acontecer de jeito algum é a ministra mentir agora, quando ocupa uma função de Estado. "O cidadão tem o direito de saber como está sendo gerida a coisa pública", afirmou o presidente da OAB, acrescentando que somente quem sofreu os dissabores da tortura e da perseguição política conhece o potencial destrutivo de ser interrogado.


Durante o seu depoimento, a ministra da Casa Civil disse se orgulhar de ter mentido durante a ditadura militar, em resposta à afirmação do senador Agripino Maia, de que teria se lembrado de uma entrevista concedida pela ministra sobre mentiras contadas durante o período em que ficou presa. Senadores presentes criticaram a associação feita por Agripino sobre o fato de a ministra ter mentido para escapar de torturas na época da ditadura, dando a entender que ela também estaria mentindo agora, no Senado.