Artigo: Um dia... um concurso...

domingo, 20 de abril de 2008 às 12:43

Maceió (AL), 20/04/2008 - O artigo "Um dia... um concurso..." é de autoria do presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Alagoas, Omar Coelho de Mello, e foi publicado na edição de hoje (20) de O Jornal (AL):


"Na última segunda-feira, tive a satisfação de participar da posse dos novos magistrados de Alagoas, em uma solenidade no egrégio Tribunal de Justiça, com a participação de autoridades públicas e dos familiares dos empossados.


Foi naquele ato que resolvi escrever este artigo. E o faço por dois motivos, a saber:


O primeiro é pela relevância do fato. Após quase 14 anos sem um único concurso, o Judiciário alagoano estava envelhecendo, apesar da jovialidade de muitos, mas se ressentia de novos integrantes e de novas gerações. Indiscutivelmente, a jovialidade não está no ser jovem, mas no espírito de cada um, mas também não se discute que a juventude tem seu valor e, principalmente, seu sabor.


Meu inesquecível avô Marcial Coêlho, que, por sinal, tem mais um neto na magistratura, o novel juiz Marcial Duarte Coêlho a quem desejo pleno êxito, por possuir qualidades morais inquebrantáveis , uma vez que a minha querida, honrada e laureada irmã, Nirvana Coêlho de Mello, já a integra, para orgulho de nossa família, sempre dizia que Deus soube bem dosar as coisas por aqui.


Afirmava ele que a vida é fabulosa, pois sabia manter as coisas sempre em equilíbrio. Queria eu ter a força da juventude com a experiência e os conhecimentos que tenho hoje. Quando eu tinha a força da juventude, faltava-me a maturidade e agora que a tenho, falta-me a força. É esse equilíbrio que nos faz viver em harmonia. E finalizava: Ah, se tivesse os dois juntos, ninguém me segurava. Naquela época meu saudoso e querido avô tinha os seus 80 anos de uma vida transparente e proba. Que saudade!


Mas, voltando ao tema, falo que essa simbiose (novos e menos jovens, inexperientes e experientes) é necessária para a evolução do nosso Judiciário, que tem vivido um grande momento, assim como Alagoas.


Aos novéis magistrados, reforço o conselho emanado pelo ilustre presidente da Associação Brasileira dos Magistrados ABM , Mozart Valadares, fazendo minhas as suas palavras: Não percam a capacidade de indignação, não confundam autoridade com autoritarismo e nem deixe que fatores externos e internos influenciem em suas decisões, porque a sociedade merece respeito. E acrescento: respeitem para serem respeitados!


A segunda, a faço por questão de inteira justiça, uma vez que foi esquecida durante a sessão. Quando da elaboração do primeiro edital, lá pelos idos de 2000, chegaram a fazer e registrar em cartório listas dos futuros aprovados para o concurso da magistratura. Ninguém, de sã consciência, acreditava que seria possível realizar-se um concurso público sem favorecimentos. Este era o óbice. Mas nos anos seguintes a 2003, houve um realinhamento de vontades que consolidaram o ato proclamado na segunda-feira.


O então chefe do Poder Judiciário, Desembargador Estácio Gama de Lima, e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcos Bernardes de Mello, meu pai amado, chegaram à conclusão de que o concurso teria que sair do papel e resolveram enfrentar o descrédito, bem como aqueles que desejavam algo menos rígido, pouco republicano, como é chique dizer-se nos dias atuais.


Então, após longa negociação, chegou-se a um denominador comum: o concurso seria realizado através de uma entidade de idoneidade comprovada, para que não pairassem dúvidas sobre a lisura do certame, cumprindo a Constituição, pois somos todos iguais.


Na solenidade de posse, faltou ressaltar a posição firme do Desembargador Estácio Gama de Lima e do Presidente da OAB/AL Marcos Bernardes de Mello, pelo destemor de realizar algo, talvez inimaginável, por boa parte da sociedade alagoana. Mas, ao final, a satisfação de todos. Nenhum questionamento, nem críticas desmoralizantes, apenas o olhar altaneiro e tranqüilo do dever cumprido. Dos quase 4 mil candidatos, 27 aprovados e 22 empossados.


Diante desses fatos, podemos afirmar que vivemos um novo momento, sem retrocessos, formando uma nova cultura: a da competência e do saber.


Encerro, realçando a posição da OAB/AL, em buscar sempre os caminhos da justiça, mas não tenho o direito de finalizar sem mencionar e agradecer aos nossos representantes naquele certame: Everaldo Patriota, na gestão Marcos Mello, e aos atuais Francisco Malaquias e Álvaro Barboza, que já foram indicados para o próximo concurso.


Deus abençoe a Alagoas."